Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Roberto Juarroz

Espero que o Luís (Caminha), um extraordinário escritor («Um pinguim na garagem» e «A decadência dos olfactos») e poeta, me permita trazer o seu comentário para a porta da frente e por me atrever a uma má tradução livre do poema, que deixou ao «Pela palavra…», de Roberto Juarroz.
Um abraço ao Luís e cá ficamos à espera de mais «obra sua»!
«Muito obrigado pelas suas palavras. É sempre uma alegria um poeta saber que outros poetas o lêem. Mais ainda, que o compreendem.
Atrevido lhe deixo aqui um poema que muito me diz, de um dos meus poetas preferidos, o argentino Roberto Juarroz:

"Algún día encontraré una palabra
que penetre en tu vientre y lo fecunde,
que se pare en tu seno
como una mano abierta y cerrada al mismo tiempo.

Hallaré una palabra
que detenga tu cuerpo y lo dé vuelta,
que contenga tu cuerpo
y abra tus ojos como un dios sin nubes
y te use tu saliva
y te doble las piernas.
Tú tal vez no la escuches
o tal vez no la comprendas.
No será necesario.
Irá por tu interior como una rueda
recorriéndote al fin de punta a punta,
mujer mía y no mía
y no se detendrá ni cuando mueras."

(Algum dia encontrarei uma palavra
que penetre no teu ventre e o fecunde,
que pare no teu seio
como uma mão aberta e cerrada ao mesmo tempo.

Encontrarei uma palavra
que detenha o teu corpo e lhe dê volta,
que contenha o teu corpo
e abra os teus olhos como um deus sem nuvens
e use-te a saliva
e te dobre as pernas.
Tu talvez não a oiças
Ou talvez não a compreendas.
Não será necessário.
Irá pelo teu interior como uma roda
percorrendo-te até ao fim de ponta a ponta
mulher minha e não minha
e não se deterá nem quando morras.)

2 comentários:

  1. Amigo Pedro Sande,

    Esta sua excelente tradução é um óptimo serviço para quem quiser conhecer o grande poeta argentino que foi Roberto Juarroz. Para quem, como nós, se sentir à vontade com o castelhano, há um sítio belíssimo, com algumas citações, entrevistas e poemas do autor:

    http://www.robertojuarroz.com/

    Tenho quase a certeza, pelo que leio do que vai escrevendo, de que o Pedro empatizará com a citação da primeira página e com o belíssimo ensaio de Juarroz "LA POESÍA: EXPLOSIÓN DEL SER POR DEBAJO DEL LENGUAJE", incluídos naquele sítio.

    Um grande abraço desta sua constante visita.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, Luís, pelo link. Um grande abraço para ti também.

    ResponderEliminar