Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

domingo, 16 de junho de 2013

Do Meu Livro 3 Com O Título Provisório: Da Tu Mão Parecia que Repousavam Cravos

«Podia ter escrito isto?», interroguei-me.

«Podia! De certeza sem o brilho e aquela perfeição tão suave, mas era mais que certo que já o fizera de outras maneiras.»

 

O auditório estava cheio.

Cheio de gente pequena na idade, mas grande na atenção.

Não era usual, mas também não era usual uma antiga aluna a quem tinham agigantado a importância:

«Muita gentileza, a dos organizadores!»   

Sempre que me confrontava com um auditório destes, tremia. Coloquei os óculos de ver ao perto. Espreitei com eles postos o auditório. Excelente, já quase não os via. Estava na hora, então. 

Não era bicho de espectáculo, daqueles que cultivam o ego e se agigantam. Mas também sabia que o bicho miúdo que me ataca nesses momentos tinha uma sobre vida de segundos.

Segundos que me traziam ao de cima o que mais gostava: amor - próprio!

Li o poema.

Soube-me bem.

Sabia-me bem, sempre que o lia. Os poetas românticos entranhavam-se-me por todos os poros. Sentia-o colorido, sentia-o parte integrante de mim. E, no entanto, não me pertencia. Defendi-o com brio, como se fosse meu:

«Neste mundo damos aos rostos a dimensão e forma que queremos; todos nós vivemos em dimensões, que nos são próprias e próximas.» (M. Rosário Pedreira)

 

(Pedro Almeida Sande; Da Tua Mão Parecia Que Repousavam Cravos; Pág. 43 de 224)

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