Sou corrupto mas ninguém me vê vi
(Tradução
Da citação Do livro Dos Animais:
«Sou corrupto mas ninguém me vê via»;
Autor Incógnito)
No
nonsense que nos atordoa os dias, M. teve que se socorrer de todos os seus
recursos para impedir uma tragédia de dimensões épicas, evitando que Lisboa se
tornasse na cidade dos mártires, ao nível de um 9/11. Utilizou todos os utensílios
modernos e, porque mais vale estar mal acompanhado do que só, enviou um SOS
pelo canal do LivroDasFronhas, outro pelo TeleCelular, outro ainda pelo
TwistTer e por fim um anúncio nas páginas do ÓExpresso. E até publicou no
DiárioDoQueResTaDaPiolheiraPública, não voluntariamente, mas por obrigação
governamental. Que a esta altura no liberal retângulo, já ninguém se assoava
sem um dicionário enciclopédico de leis, decretos - leis, portarias, decretos
regulamentares, leis - quadro, leis – ordinária,
“Se
eram ordinárias porque é que se deixavam sair”, pensava A. como se as leis
e quejandos tivessem vida própria e para quem as leis “tinham de ter a classe
de um cavalheiro”: leis extraordinárias, diretivas, regulamentos, decisões,
pareceres, recomendações e regulações que se agarravam às calças e casacos como
pelo de cão, espinha de regulador, cuspo de redator, nódoa de comendador,
borboto e baba de DonoDaPolis. E que se enfiavam, sem darmos por isso, Nos
Bolsos Dos Casacos Dos Homens, Nas Carteiras De Pele Ligeiramente Maceradas Dos
Precários, Nas Bolsinhas Das Malinhas De Senhora, Nas Grávidas A Quem Era Negado
A Maternidade, No Meio Dos Dentes Cariados Da Classe Média, No Custe O Que
Custar Que Ouvia Austin Em Sonhos Tornados Pesadelos E Ao Som De Marchas
Patrióticas Partidárias De Antigas Juventudes Imaturas E QuePodiamCustar
Guerras Civis Familiares, Violência Indomesticada, Crianças Mal Nutridas,
Competência Inativa, Corpos A Flutuar Esvaziados Das Pontes, Corpos
Esmigalhados Nas Vias, Corpos Distorcidos Por Envenenamento, Corpos Esmagados
Em Dias De Cinquenta Por Cento De Rebajas, Consumidores Guerrilheiros a quem era
apenas permitido ranger as esqueléticas na arena dos grandes mercados, tudo
isto depois de, definitivamente enterrado o SimpleSex e Enterrado o
ContratoDoEstadoLigeiramenteSocial, um emergir de uma apologética do
liberalismo só nos dentes, como dizia o Nunes Deram Lhe Asas Para Voar - e que
voou enquanto Não Aterrou E Enterrou Os Totós Dos Empreendedores. Desta vez
tudo por obrigação, ViaCtt. Ao Nunes Deram Lhe Asas Para Voar como ao Fernão
Capelo Gaivota. E como ela Foram Livres Foram Livres Para Voar… até Um Dia…
Mas, mas
contemos a «estória» toda desde o início.»
PAS
PAS
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