Impor-mo-nos a alguém é um erro de dimensões astrológicas, fruto apenas da inexperiência das relações humanas e sociais e da imaturidade.
O amor e a amizade não se impõem, existem e são na íntegra uma opção livre de cada um de nós, um turvelinho de emoções sem explicação à vista.
O que pode haver no entanto é a dimensão do debate do escritor, do observador da alma humana, através do confronto de ideias, da perceção da racionalidade e da emocionalidade do outro, algo que nos permita ficcionar realidades e alargar horizontes na compreensão do outro.
Como dizia Pessoa «o poeta é um fingidor, ... (não da amizade verdadeira, que essa é outra dimensão humana, real)...
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(F.Pessoa)
(F.Pessoa)
De outro modo o poeta era um terrível de um chato verdadeiro e, pior, um masoquista passadista!
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