Saramago:
o rapaz das badanas, «o Pleading eyes!». Sempre tive por Saramago e Pilar o
olhar que me assiste: o de romântico perdível! Histórias verdadeiras e reais de
amor são a raiz da vida, o receptáculo que todos queremos prover, a flor que
todos queremos cheirar. Talvez por ter tido o privilégio filial de ter
esse exemplo magistral: um amor forte, imparável, de gente linda no olhar e no
pensar. Um amor que acabou em morte a dois, morte solidária, ou talvez não,
para quem poder testemunhar o ato de união e reencontro no céu.
A
distância de idades de Saramago e Pilar era, é!, brutal: 27 anos os separavam.
De início pensei que houvesse ali um interesse qualquer escondido de uma parte,
ou um amor pela palavra ou ambição pelo outro, que esse também é capaz de mover
montanhas e estabelecer improváveis parcerias. «Um pensamento que me envergonha!» Mais
tarde, retractado, porque não sou deus, ao olhar o olhar de Saramago percebi que assim não era. Havia ali uma
parceria fundada no amor à arte, recheada de uma enorme cumplicidade - real, como as águias.
Pilar era para Saramago a sua estrela cadente, a sua luz, o seu percurso em paz
até à humanidade. E Saramago para Pilar...? Seria, isso? Talvez!
Li
entretanto que Isabel da Nóbrega, primeira mulher de Saramago, foi a sua mão
inicial: «O rapaz das badanas» que ela arrastou para o sucesso, para ela, o
«Pleading eyes», «um homem com um olhar sempre sofrido, como calha muitas vezes
aos conscientes, aos sensíveis que tomam para si as dores da humanidade, não as
compreendendo, porque não compreendendo a incapacidade da felicidade pessoal e
a falta de liberdade individual.»
Um
amor assim estará sempre inscrito nas estrelas, «para conhecer o amor é preciso não pensar conhecer-lhe a fórmula!», que é o seu lugar próprio e um
lugar de eleição!
O «Pleading eyes» é hoje uma «Pleading Star!», um objeto que podemos observar à noite quando olharmos para o céu!
O «Pleading eyes» é hoje uma «Pleading Star!», um objeto que podemos observar à noite quando olharmos para o céu!
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