Odeio
dizer-te isto mas não tinhas o direito de me apagares do calendário
como se faz às coisas inúteis que nos poluem os dias, odeio dizer-te
isto mas a sombra que lançaste sobre os meus dias, os dias que me
debruço sobre as palavras juntas a que chamam de letras não merecia esta
escuridão que lhe deste nem o desprezo a que a votaste, odeio dizer-te
isto mas não são apenas as notas e os dígitos os inimigos do povo mas a
ambição e a ganância que te tomaram e a depressão que causaste a cada um
de nós habitantes dos livros, habitantes do norte.
E que esta tristeza que nos causas a nós, leitores, e a nós autores, publicados ou não publicados, aos molhos ou às resmas, em coletâneas ou isolados, mas autores, escritores de sonhos, ou até aos passarinhos que nos vinham chilrear aos ouvidos, e às crianças, meu deus, às crianças, esses pequenos leitores, que esta tristeza «te caia», a ti que não te conheço a face, a ti esse colectivo de falta de vontades, a ti esse negador de «estórias», contos, romances, poemas e de tudo o mais que as palavras juntas encerram, que te caia que nem uma doença, um remorso infindável, um anátema, um ocluso para sempre cravado no teu maxilar. E que a vida que queríamos viver e não a deixaste, que a retomes num próximo ano, envergonhado, humilde, com o dobro da vontade e com o dobro do desprendimento que te perdoe para sempre a usura de um ano em que mataste o sonho.
E que esta tristeza que nos causas a nós, leitores, e a nós autores, publicados ou não publicados, aos molhos ou às resmas, em coletâneas ou isolados, mas autores, escritores de sonhos, ou até aos passarinhos que nos vinham chilrear aos ouvidos, e às crianças, meu deus, às crianças, esses pequenos leitores, que esta tristeza «te caia», a ti que não te conheço a face, a ti esse colectivo de falta de vontades, a ti esse negador de «estórias», contos, romances, poemas e de tudo o mais que as palavras juntas encerram, que te caia que nem uma doença, um remorso infindável, um anátema, um ocluso para sempre cravado no teu maxilar. E que a vida que queríamos viver e não a deixaste, que a retomes num próximo ano, envergonhado, humilde, com o dobro da vontade e com o dobro do desprendimento que te perdoe para sempre a usura de um ano em que mataste o sonho.
©PAS
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