Uma dos aspetos mais interessantes nesta coisa do mundo do hiperespaço é a capacidade rápida de disseminação de contatos, mas da também da perceção e deturpação da mensagem e da imagem de receptor e transmissor.
Sendo um lugar de informalidade e relaxe do formalismo diário, onde os assuntos se podem pautar por promover o contraditório e o reflexivo (única forma do mundo andar) mesmo estando receptor e transmissor em mesmo comprimento de onda (em valores, inquietudes, paixões corpóreas e incorpóreas, ...) muitos dos assuntos podem ser percecionados de formas diferentes pelos diferentes receptores.
A mensagem sofre muitas vezes tais cambalhotas que inverte a 180º juízos de valor sobre receptor e transmissor, imagens que aparecem completamente deturpadas da realidade dos factos e dos intervenientes, bem como muitos dos "atores" são gerados mais por personagens de "second life".
Todas as palavras se tornam equívocas, todas as mensagens podem ser tomadas de forma diversa pelo receptor, pouco tendo a ver com a mensagem do transmissor, e da realidade da personagem de primeira vida, todo o juízo pode ser totalmente erróneo.
Nesta perspetiva, "o espaço virtual" é um lugar de potenciais equívocos, potencial criador de falsos desacordos, de aproximação e afastamento porque pode criar imagens desfasadas da realidade, em termos de perceção e juízo de carácter, de valores, de responsabilidade, de perceção do outro por nós e de nós pelo outro. E até pode prover falsos indícios, e falsos perfis, já que a tendência de cada um é olharmos para os outros com os nossos próprios olhos.
Nesse aspeto o regime presencial tem vantagens porque demonstra preto no branco quem somos, olhos nos olhos, sujeitos à análise e à realidade dos nossos papéis como sujeitos da sociedade mesmo se, até hoje, na formação ao longo da vida, a formação a distância assume um papel cada vez mais importante.
Aos poetas e escritores, no entanto, são permitidos outros papéis, alguma diletância, algum delírio, alguma jactância, algum contraditório que nos faz descobrir a nós próprios, e perceber tantas vezes a complexidade do outro, uma espécie de psicoterapia grupal que desencadeie reações e sentimentos de zanga, frustação, amizade, indiferença, muito delas apenas narrativas infundadas e incompletas da perceção do outro nesse jogo de conhecimento a distância.
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