Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Luís Osório

 O Luís (Osório), escreveu hoje este texto que cai como uma luva neste meu pequeno poema.
«Sempre que o vejo dou-lhe moedas. É um ritual: pergunta-me se tenho um cafezinho, respondo-lhe que sim. Deixou de me agradecer. Há tempo que não o faz, é coisa mecânica, melhor assim – bebe o seu café, fuma o seu cigarro e eu lavo um cantinho de alma. Em dia de milhões pedintes acantonam-se às portas do jogo, sobretudo se no menu estiver um jackpot. Esmolas dadas por quem pede uma esmola maior. A lei da retribuição, consequência da consequência, dá-se para se receber em dobro, um investimento. Oferece-se uma moeda em troca do prolongamento de um desejo, não é um mau negócio. Fazer o Bem sem nada em troca é um campo para eleitos, apenas para uns poucos… gente de asas invisíveis, já não são daqui. A maioria de nós, mesmo os bons, grita por atenção e por um olhar que comprove o quanto valemos a pena.» Luís Osório
Sempre fomos mais os outros que nós próprios! Quem se esquece disso nunca será a boa moeda que afasta também ela a má moeda. Tudo uma questão de trocos e de dar visibilidade às nossas asas de anjos. É que elas estão lá, mas precisam de um sopro de alma!


Já te esqueci.

Foste como uma primavera árabe
Um vento do deserto
Que assobiou
Bem a meu lado.

Já te esqueci.

E repousas agora
De páginas abertas
E de letras às avessas
No meu caderno diário
Como um dos meus
Mais difíceis 
Estudos de Caso.

Já te esqueci.

Como uma aurora esperada
Que não chegou a acontecer.

Já te esqueci.

Repousa lá agora
Intocada,
No interior das minhas letras.

E a minha contemplação,

É apenas um exercício diário
Repleto
Da compreensão
Das tuas faltas.

E, no entanto,
Podia ter sido 
De outro modo

Se não te enganasses
Sem pudor
A cada passo.

Se entreviesses
Que recebe
Só quem dá

Com essa dádiva
Do céu
De só sermos nós
Sendo os outros.

De outro modo,

Somos pássaros
Enganados
Saltando
Entre a ramagem

Tropeçando
Em galhos
Frágeis,

Que se partem
A cada chegada 

E a cada percurso

De um novo voo.
PAS

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