«Face aos resultados apurados na investigação “Comunicação de marketing experiencial nas editoras tradicionais: uma resposta ao ambiente digital”, concluiu-se que os sentidos, a afectividade e a nostalgia são uma mais-valia para o prolongamento do ciclo de vida do livro tradicional, pois possibilitam a criação de laços entre o leitor e o objecto físico. As restantes experiências analisadas, como o pensamento (relação cognitiva), a acção (lugar da leitura), a identificação (comunidades de leitura) são igualmente importantes para a sobrevivência do livro tradicional, mas com menor influência. Este estudo demonstra que as editoras têm de se envolver mais no mercado, de desenhar estratégias de comunicação integrada e de apostar no livro em papel como um produto de nicho de mercado, no relacionamento social e nos estímulos experienciais.» (Ana Ferreira; HE; 03/05/2013)
Os resultados do resumo deste estudo são muito
interessantes, porque encaixam nas nossas próprias experiências de relação com
estes objetos mágicos: sentidos, afetividade, nostalgia. Estando “em
remoção/liquidação” do seu lugar de infância, maturidade e merecida reforma
pelo uso das suas lombadas, com o «beneplácito» de uma assumida e desumana «cristas»
mão de rendas (mais destruidora que o Eduardo mão de tesouras) a biblioteca da
minha infância e juventude, levados em pilhas para uns armários metálicos de
arrecadação de mestre mako, salvador da morte por guilhotina de uns milhares de
livros, experienciei como estes objetos do papel bebem dos sentidos, do afeto e
da nostalgia do passado, pequenos filhos de que não nos conseguimos separar,
mesmo sabendo dos milhares que nascem todas as semanas.
Peguei numa mão cheia de alguns exemplares (sempre
bebés para a quase totalidade dos extraordinários), incluindo dois ou três mestres
da literatura policial (literatura que me abandonou aos 15), a uma das farpas
do Ramalho (que abro ao calhas onde Ortigão critica “Além da gramática as
nossas escolas obrigam o aluno a decorar várias outras coisas igualmente
abstratas, como são a lógica, a retórica, a psicologia e o desenho linear…” –
tudo coisas que muito falta parece fazerem na atualidade portuguesa), ao bispo
negro do Herculano. A conclusão é que seremos sempre um subgrupo de um grupo
mais vasto de leitores e aí a conclusão aparentemente na mouche da aposta em
ninhos/nichos de mercado.
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