M.R.P. em Ciência do papel reflete sobre os estudos da teoria do valor livro versus as formas intangíveis. Numa perspetiva de valor parece ser assim. Mas até a perceção de valor vai-se transmutando em algo parcialmente diferente, na perspetiva dos metodólogos céticos. A ciência do papel parece aqui um pouco como a ciência económica: só no futuro poderá ser ou não validada. Porque o que é factual é que cada vez mais lemos em dispositivos com nenhuma consonância com as árvores.
O Nuno Seabra na Edição Exclusiva deixa esta pérola: Se hoje ninguém sabe quem foi Ernest C.
Poole, é porque alguma justiça se fez no mundo. Vencedor do Pulitzer no ano de
1918, mostrou ao mundo que a qualidade e a originalidade não são argumentos
para se ter sucesso ou ganhar prémios importantes. Tendo derrotado autores como
John dos Passos, Hemingway, Faulkner, Fitzgerald ou Miller, Poole simplesmente
plagiava o estilo de autores consagrados, criando narrativas «simples» de ler e
agradáveis ao público (habituados a mais do mesmo). Desde então, o fenómeno
nunca mais parou.
E não, o 50 Sombras de Grey ainda não tem espaço para figurar neste grupo.»
E não, o 50 Sombras de Grey ainda não tem espaço para figurar neste grupo.»
O que é que isto tem
a ver com o tema acima? Nada e tudo! Porque do mesmo modo que há uma
racionalidade escondida no ato de ler em plataforma odorífera, também há uma racionalidade
na explosão/exposição da escrita, mesmo que escrever não possa/deva ser um ato
de vaidade, ou uma vontade de querer um momento vago de atenção, mas uma vontade
de conhecimento de si em conjugação com o mundo exterior, uma semente de originalidade.
Ou seja, aquilo que nos pode parecer uma irracionalidade pode conter já
sementes de racionalidade, que nos são invisíveis e insustentáveis aos
sentidos. Como amantes do papel temos o nosso lado hedonista. Mas não devemos esquecer os ensinamentos de Epicuro: a moderação como resultado da regência da razão sobre o prazer, neste caso sobre o prazer de folhear e sentir o tangível (mais não seja para no futuro não sofrermos
do trauma da desilusão).
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