Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Os Passos Não Sonoros Da Mudança: A Escrita Como Semente Da Originalidade

M.R.P. em Ciência do papel reflete sobre os estudos da teoria do valor livro versus as formas intangíveis. Numa perspetiva de valor parece ser assim. Mas até a perceção de valor vai-se transmutando em algo parcialmente diferente, na perspetiva dos metodólogos céticos. A ciência do papel parece aqui um pouco como a ciência económica: só no futuro poderá ser ou não validada. Porque o que é factual é que cada vez mais lemos em dispositivos com nenhuma consonância com as árvores.

O Nuno Seabra na Edição Exclusiva deixa esta pérola: Se hoje ninguém sabe quem foi Ernest C. Poole, é porque alguma justiça se fez no mundo. Vencedor do Pulitzer no ano de 1918, mostrou ao mundo que a qualidade e a originalidade não são argumentos para se ter sucesso ou ganhar prémios importantes. Tendo derrotado autores como John dos Passos, Hemingway, Faulkner, Fitzgerald ou Miller, Poole simplesmente plagiava o estilo de autores consagrados, criando narrativas «simples» de ler e agradáveis ao público (habituados a mais do mesmo). Desde então, o fenómeno nunca mais parou.
E não, o 50 Sombras de Grey ainda não tem espaço para figurar neste grupo.»

O que é que isto tem a ver com o tema acima? Nada e tudo! Porque do mesmo modo que há uma racionalidade escondida no ato de ler em plataforma odorífera, também há uma racionalidade na explosão/exposição da escrita, mesmo que escrever não possa/deva ser um ato de vaidade, ou uma vontade de querer um momento vago de atenção, mas uma vontade de conhecimento de si em conjugação com o mundo exterior, uma semente de originalidade. Ou seja, aquilo que nos pode parecer uma irracionalidade pode conter já sementes de racionalidade, que nos são invisíveis e insustentáveis aos sentidos. Como amantes do papel temos o nosso lado hedonista. Mas não devemos esquecer os ensinamentos de Epicuro: a moderação como resultado da regência da razão sobre o prazer, neste caso sobre o prazer de folhear e sentir o tangível (mais não seja para no futuro não sofrermos do trauma da desilusão).

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