Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Livro De Nós (Abertura)

Há alturas da nossa vida em que temos de escrever, mesmo doridos, o livro que gostaríamos de abraçar para a vida! Este é o meu, mas também, o teu livro, aquilo que doravante chamarei de Livro de Nós, um espaço onde ficará inscrito o amor que tenho por ti e que será eterno, para que mesmo fugazmente te possas lembrar que foste amada como mais nenhum ser o poderia ser. Este livro ser te à dedicado! Estarei sempre aqui encerrado e só tu me (o) poderás abrir!
Ficar-te-ei a amar eternamente, mesmo que a tua lua te aponte outro sol e outro caminho. Serás sempre minha, em pensamento, e nem a tua distância ou indiferença, fará diferença ao amor que te tenho! Serei, no masculino, «a tua» Penélope. Serás, meu amor, ao longe, bem perto do meu coração, a Pilar, a  Gala, a Simone B., a Maria João, da minha vida.

«- Viu os sinais, mestre?
- Sim, Mateus, os sinais desta vez eram claros: e não estavam voltados ao centro, eram mais a norte.
- E agora mestre?
- E agora, Mateus, a amizade forte que constrói os verdadeiros amores foi novamente derrotada por um pequeno momento; estamos no tempo do provisório, do ilusório, do amor perdido. Não vês quantas almas se arrastam por aí sozinhas, enganadas, por confundirem momentos com tempo sólido? Há que seguir caminho, mesmo em frangalhos, que teremos de recolher um a um para os colar. O provisório bateu novamente o definitivo; a paixão que envolveu a solidão da carne, não tem a força de uma paixão em construção.
- De uma comunhão mais forte?
- Sim, é isso, de uma comunhão de interesses que preenchem cada buraco, cada deficit de atenção, cada despropósito, cada distração de transmissão de afeto.
- E o amor, mestre, o lugar do amor?
- O amor é uma das vítimas. Como quase sempre, Mateus, um espaço quase sempre só brevemente preenchido; só há lugar ao verdadeiro amor, onde há uma verdadeira e sólida amizade: como esta felicidade que se sentia no ar, esta paixão mais forte, como que parecida recolhida no ar, como se eletricidade ou ondas magnéticas se tratassem: trazidas pelos ventos e empurradas pelo mar. Mas fica a história, Mateus, e sempre uma centelha de esperança de que um dia possa retornar! As nossas portas estão sempre abertas ao verdadeiro amor. Nós somos eletricidade da mais pura, Mateus! Nós éramos a mais bela e pura forma de amor!
- E a amizade?
- A amizade cá está, Mateus!
- Uma amizade comunhão, mestre?
- Sim, uma unidade comunhão, daquelas fortes e coesas que os nossos pais criadores nos ensinaram.
- Sim, era demasiado bonito o amor que irradiavam, havia ali uma comunhão que emocionava, uma cumplicidade indestrutível entre eles.
- Nem mais, Mateus! E isso foi-nos a nós, passado: são o nosso padrão, Mateus!
- Morreram-se um ao outro, quase em simultâneo, para o salvarem. Morreram de amor!
- Sim, Mateus. Um desistiu da vida pelo outro, que jazia ali fulminado levado por um deus que os abandonou.
- Olha, lá! Vês ali? São eles ali no céu, abraçados como sempre andavam. E era ali que eu esperava estar, um dia, com o amor da minha vida: naquela constelação que já nos estava destinada!
- E agora, mestre? Agora quem o consola?
- Ninguém, Mateus. Andarei por aí como alma penada. Ou melhor, tu, meu bom amigo, que me acompanharás com a única lealdade que parece hoje possível, aguentando sem pestanejar e sem esmorecer os meus serões e alvoradas, vertendo as lágrimas amargas de ter perdido o momento.
- Ela podia ter-me substituído, Mestre?
- Podia Mateus, podíamos ser o sol e a lua, ali encostados, cada um se aconselhando com o outro e com estes nossos bons amigos como tu, Mateus!
-E eu ia conhecê-la, Mestre?
- Claro, Mateus. Ela não vinha sozinha! Desta vez bateu forte, Mateus, e parecia seguir o rumo certo. Mas há sempre pedras no caminho, ou pequenos momentos que nos motivam, ou motivos que nos afastam do caminho certo, às vezes iludem, mas que já foram tomados. Mas a carne levou a melhor sob o pensamento. Amanhã iremos olhar o rio, Mateus, espojados num banco de jardim, folheando aqueles monumentos de sonho que são os livros, onde poderemos distrair a nossa dor. E dar te ei a mão como se fosses ela e ficaremos na paz possível a falar como verdadeiros amantes.
- Conte sempre comigo, mestre!
-Eu sei: eu sei, Mateus! Obrigado, Mateus! Tu és um bom amigo e um bom «coração!» Esta lágrima vertida que vês aqui escorrendo, empurrada por outra que se lhe segue, é minha, mas é também tua! Vamos: vamos que a alvorada se levanta e o caminho deste dia é longo!
         ©PAS


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