Peitos, coxas, pernas e coração
Não hesitarei um dia
Em te devolver o apresto
Que me concedes.
Não pelos peitos, coxas ou pernas,
Mesmo que não seja coisa de somenos,
Mas pelo brilho do teu coração
E por um estranho apelo
Que não se mede na frescura da pele
Mas na harmonia do cérebro
E na conjugação melódica
De dois seres
A quem os liga,
Sentimento e fome,
Fome e sentimento
De afagar em conjunto
Um poema.
Mesmo ao longe,
Mesmo que um lamento solitário
E as desilusões
Que já me trouxe o vento,
E o tempo que passou
Por debaixo dos meus beirais,
E o tempo que nos separa,
Mesmo sabendo-te um trovão
Capaz de rebentar
A qualquer momento
Transportado pelo vento,
Sinto a tua cabana como minha
E uma boa vinha cultivo já,
Com triplo carinho,
Certo de uma boa vindima
Que encha os nossos lábios
De uma intensa cor vínica
E dê ao azul dos teus olhos
Um novo sorriso
E uma nova alegria.
©PAS
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