«Mas tudo isso são, apenas, escândalos?»
«Não! Isso é o dia - a – dia:
os escândalos vêm depois! J. diz aqui também não ter conseguido encontrar
muitas fontes sobre M. Anexado ao seu processo está no entanto uma
avaliação psicológica. Um trabalho de fôlego, que talvez nos dê mais pistas
sobre o seu desaparecimento.»
«E o que diz?» perguntou
A.
«Mais ou menos isto: M.
tem medo de existir!»
«Como o país do FundadorGil?»
adiantou A.
«Nem mais!» corroborou
D., «mas não o da popa que nem uma onda, mas O Josué!» acrescentando logo
de seguida: «Embora isso não o tivesse inibido de levar uma existência contra –
dissoluta. Quem vê almas não vê corações!» asseverou D. «como se tratasse
de uma virgindade perpétua. E mesmo quem os julga ver, pode-os ver só com a
vista do lado dos ventrículos ou do lado dos aurículos; em processo de diástole
ou processo de sístole! E isto depois de passar pelo átrio. Mas continua aqui a
dizer que M. sofre do defeito da não inscrição, numa vertente singular, não
coletiva. Vê demasiada televisão, afirma-se. Com o preto em cima do branco e essa
cicuta nacional que sofre de ÁudioSíntese.»
«ÁudioSíntese! Isso é uma
doença?», interrompeu A.
Pergunta respondida sem
tergiversar por D., como se entregasse num prato raso um ovo redondinho
acabado de cozer.
©PAS
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