Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Novo Excerto de À Procura de M.



«Mas tudo isso são, apenas, escândalos?»
«Não! Isso é o dia - a – dia: os escândalos vêm depois! J. diz aqui também não ter conseguido encontrar muitas fontes sobre M. Anexado ao seu processo está no entanto uma avaliação psicológica. Um trabalho de fôlego, que talvez nos dê mais pistas sobre o seu desaparecimento.»
«E o que diz?» perguntou A.
«Mais ou menos isto: M. tem medo de existir!»
«Como o país do FundadorGil?» adiantou A.
«Nem mais!» corroborou D., «mas não o da popa que nem uma onda, mas O Josué!» acrescentando logo de seguida: «Embora isso não o tivesse inibido de levar uma existência contra – dissoluta. Quem vê almas não vê corações!» asseverou D. «como se tratasse de uma virgindade perpétua. E mesmo quem os julga ver, pode-os ver só com a vista do lado dos ventrículos ou do lado dos aurículos; em processo de diástole ou processo de sístole! E isto depois de passar pelo átrio. Mas continua aqui a dizer que M. sofre do defeito da não inscrição, numa vertente singular, não coletiva. Vê demasiada televisão, afirma-se. Com o preto em cima do branco e essa cicuta nacional que sofre de ÁudioSíntese.»
«ÁudioSíntese! Isso é uma doença?», interrompeu A.
Pergunta respondida sem tergiversar por D., como se entregasse num prato raso um ovo redondinho acabado de cozer.
 ©PAS

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