Penso que não há maior
simplicidade do que a complexidade do poeta, mesmo que as palavras pareçam estar aparentemente gastas. Estive no aniversário da editora
lua de marfim. Gostei da sua pluralidade, da sua simplicidade, do seu traço de
abertura a um mundo novo, na relação entre público, autor, editor, mesmo que o negócio seja a sua primeira condição.
Gostei de ver o Luís Caminha ser premiado pela sua obra: nele «vê-se» a paixão pela escrita.
Tive
oportunidade de expressar, ao Luís, o prazer de conhecer um grande escritor e
poeta: e como os poetas são quase invariavelmente gente tímida, por (ex) porem»
tão mais à mostra «as suas entranhas», numa sociedade de espelhos, do faz de
conta, dos interesses, do calculismo, dos jogos, das traições e enganos, dos medos, e que
não se satisfazem por vãs promessas. Escondidos, quantas vezes, por detrás de
uma oralidade canhestra, de uma falta de vontade de vaidade, que não expressa a
riqueza da sua alma. Afinal, as palavras são tão mais vãs do que os sulcos
reais, ou virtuais, imprimidos; e a poesia tem essa vantagem superlativa de
reconduzir um mundo frio e duro à verdadeira fragilidade da condição do homem: o
homem actor é normalmente um poeta frágil.
Prometeu o Luís Caminha um novo romance,
esperando nós a reabertura do seu blogue. Escrever não pode ser um negócio, nem
uma vaidade, mas uma paixão de auto compreensão do nosso lugar e afecto com o mundo.
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