Face a este gigantesco pico de letra morta, veio-me à mente
uma enorme pirâmide onde enterrar os meus mortos, muito para além de qualquer
Gizé. Uma figura pequena e frágil destacava-se trepando pela pirâmide, figura
minúscula quase a chegar ao topo. O vértice no entanto parecia não alcançável e
infinito.
Aurélio deu-me um número: 435.000 verbetes, sem esquecer as margens.
Peguei neles e introduzi-os numa máquina que tenho propositadamente para estes momentos,
em que subo pirâmides.
Na subida pelo pico gelado ia escorregando numa massa
ainda informe: era gelo onde eu pensava já encontrar neve. À transparência e
com o esfregar de uma luva sem cor, divisei um nome, neologismos: eram essas as
margens. Entretanto, a máquina já estava quente: havia que prosseguir! Fatoriais, combinações, e o número não parava de crescer: impossível de
encontrar, de um infinito de letra sempre viva que alegrava mais do que doía.
Não seria já o meu olhar encandeado, dorido e cansado de tanta viagem?
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