Tenho já por este sedutor espaço quase uma fidelidade canina,
pela companhia e pela cumplicidade do olhar, como se fosse um «chiwawa» maravilhado
perante uma pequena grande janela para o mundo, que nos propicia livros para
combinarmos passados e para nos ir fazendo lembrar ad contrário, como tão bem
ilustrou o Severino num comentário passado que, «o tempo não se para (tyuiadfghjklzxcvnnnnwcom!!!) com as mãos.» As
bibliotecas herdadas com livros “descapados”, decapados pelas leituras, a
excitação dos tempos curtos de feira daqueles pequenos tesouros rectangulares, puzzles
quixotescos, lâmpadas de Aladino, cavernas de ali - bábá, os tempos longos de
sofreguidão de leituras assinadas atrasadas, os breves tempos de internato
escolar, a nostalgia e magia do livro, passageiro do tempo, condutor de lugares
improváveis, que nos fazem rir, chorar, viajar, nos ocupam o tempo, acompanham,
educam, abrem horizontes, tomando conta de nós, nos fazendo regressar do
passado ao futuro num ápice, os super-homens, os aranhiços, «os cinco» aos
seis, «os sete» aos oito, «os falcões» aos nove, servidos e sorvidos sofregamente
nos regressos - retorno de meninos arrastados para o continente dos bichos – aos
irracionais, obviamente, mesmo que olhar incompleto e ingénuo ainda não
acomodasse a diferença – «os tintins» aos onze, «os vampiros» aos doze, os
legionários aos treze, os centuriões, o far - west, os nossos velhos “descapados”,
hoje encaixotados como múmias, impossível de nos separarmos, tesouros a que
outros chamarão entulho, tudo isso se encaixa num grande eu construído ao longo
daquilo a que chamamos tempo.
A colação «extraordinária» do eu, remete e remate para uma
interrogação: o nosso eu é um eu perceptível - pelos outros - ou as leituras,
ou o que quer que seja de maturidade, vão-nos fazendo estranhos aos olhos dos
estranhos? Que estranho mundo é este que nos afasta dos mais frágeis, dos mais
dentro da norma, dos mais medianos? Que mundo é este que queremos viver que é
só nosso?
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