Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Olhar Da Mediania

Tenho já por este sedutor espaço quase uma fidelidade canina, pela companhia e pela cumplicidade do olhar, como se fosse um «chiwawa» maravilhado perante uma pequena grande janela para o mundo, que nos propicia livros para combinarmos passados e para nos ir fazendo lembrar ad contrário, como tão bem ilustrou o Severino num comentário passado que, «o tempo não se para (tyuiadfghjklzxcvnnnnwcom!!!) com as mãos.» As bibliotecas herdadas com livros “descapados”, decapados pelas leituras, a excitação dos tempos curtos de feira daqueles pequenos tesouros rectangulares, puzzles quixotescos, lâmpadas de Aladino, cavernas de ali - bábá, os tempos longos de sofreguidão de leituras assinadas atrasadas, os breves tempos de internato escolar, a nostalgia e magia do livro, passageiro do tempo, condutor de lugares improváveis, que nos fazem rir, chorar, viajar, nos ocupam o tempo, acompanham, educam, abrem horizontes, tomando conta de nós, nos fazendo regressar do passado ao futuro num ápice, os super-homens, os aranhiços, «os cinco» aos seis, «os sete» aos oito, «os falcões» aos nove, servidos e sorvidos sofregamente nos regressos - retorno de meninos arrastados para o continente dos bichos – aos irracionais, obviamente, mesmo que olhar incompleto e ingénuo ainda não acomodasse a diferença – «os tintins» aos onze, «os vampiros» aos doze, os legionários aos treze, os centuriões, o far - west, os nossos velhos “descapados”, hoje encaixotados como múmias, impossível de nos separarmos, tesouros a que outros chamarão entulho, tudo isso se encaixa num grande eu construído ao longo daquilo a que chamamos tempo.
A colação «extraordinária» do eu, remete e remate para uma interrogação: o nosso eu é um eu perceptível - pelos outros - ou as leituras, ou o que quer que seja de maturidade, vão-nos fazendo estranhos aos olhos dos estranhos? Que estranho mundo é este que nos afasta dos mais frágeis, dos mais dentro da norma, dos mais medianos? Que mundo é este que queremos viver que é só nosso?  

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