Aqui da minha janela vejo uma manta azul com várias pegadas desenhadas assinaladas a branco. É uma manta peluda, daquelas que nos aquece os pés nas noites frias de inverno. As pegadas tem, no entanto, apenas três dedos ovalados a cair para o arredondado. São estranhas as pegadas, como podem ser estranhos os nossos pensamentos quando nos acobertamos sob esse grande manto azul que dá pelo nome de céu do mundo. Não há melhor tempo, para o tempo que resta da nossa vida, do que o tempo ganho a identificar as dedadas que vamos deixando nesta caminhada com lugar e prazo marcado.
A quem pertencerá aquela manta que descai descuidada da minha janela, como se pendurada a perscrutar o mundo? Ah, já sei! Cadela mais linda a que se enroscou à volta dos meus pés, cedendo-me o seu calor para o repassar enquanto caminho pelo mundo!
Sem comentários:
Enviar um comentário