Sempre tive dúvidas sobre a
natureza intrínseca do escritor. Se numa primeira fase me pareceu um ser
necessariamente austero e introvertido, comecei a ter dúvidas do sentido do meu
juízo depois de ler Balzac, a quem, erradamente, via por folgazão e não pelo
atormentado endividado a quem os afectos disseram nada, na infância. Mas, verdadeiramente,
foi a figura de Cyrano de Bergerac como herói romântico, «construída» por
Edmond Rostand e baseada em Hector de Savinien de Cyrano de Bergerac que me
seduziu, dada a sua nutrição de desprezo pelos poderosos, a sua coragem, a sua
nobreza de sentimentos, a sua capacidade de sacrifício pela felicidade alheia. O
crescimento de um escritor parece processar-se por fases, onde releva romantismo,
capacidade de sacrifício e realismo. Há a primeira fase, a dos lírios do campo,
que brotam como brotos anárquicos de couves – talvez daí a identificação com «brutos»;
a segunda fase, em que o ansioso aspirante a escritor, se torna menos «bruto», mais
comedido e cometido, estrumando, ainda assim em excesso, os lírios do campo; e
a terceira fase, a do escritor, em que este subtrai cuidadosamente o excesso do
estrume, metendo a mão «ao barro», que é como quem diz, rapando e desistindo da
imundice sem pestanejar ou tergiversar pelo que sente de desperdício. Com a
introdução das novas tecnologias, é uma questão de tempo até que, ao artesão,
seja fornecido o tal utensílio de detecção de …
http://anarquistadepapel.blogspot.com (pela palavra seremos mais humanos) Este blogue serve como extensão da secretária do autor, assim uma espécie de oficina de escrita.
Portal da Literatura
Citações:
Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)
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