Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Inteligência Da Escrita

Uma parte substancial da nossa vida rege-se pelo princípio da relatividade, como se os próprios objectos fossem apenas estática ou espessas cortinas que se desfazem imateriais por entre os dedos. Nem sempre foi «quase» totalmente assim – e, o «quase», porque nunca se é alguma vez qualquer coisa de definitivo; aproxima-se, sim, de o ser, quantas vezes por tentativas sucessivas de questionar pela aprendizagem. Assim, não acreditemos em heróis ou vilões, monstros ou anjos, ignaros ou génios, prodígios ou desprovidos de vontade própria a que chamamos, tremenda, impiedosamente, idiotas. Há sim, apenas seres que aprendem – apreendem? – a arte de partilhar com outros seres, como os antigos aprendiam a arte de marear por entre a espuma  «angulando» as vagas. Como não há escritores em si próprios, consagrados e outros (in) confirmados – pelo menos os que vivem pelo fascínio da sua própria tradução, que é uma espécie de tradição de se encenarem nas palavras. Há apenas escritos bons e maus – mas há técnicas (treino da consciência? as palavras escondem segredos) que se apreendem e que vão fazendo caminho - reflexo do treino da nossa própria consciência, desafios constantes de quem fez das palavras um modo fácil e soberbo de «se percorrer» sem fadiga ao mundo?, que nos distinguem por cartas de foral, por um juiz – juízo? - de foral, juiz e juízo em empatia com o povo, com os seus gostos e desgostos,  receios e audácias, prazeres e desprazeres, disposições e indisposições, oportunidades e inoportunidades, tudo no cadinho que é o tempo - o grande C: construtor e constritor! Vivemos numa espécie de limbo de normalidade – e o que é a normalidade senão uma espécie de norma com um enorme banda voltada aos pontos cardeais? Ou um túnel, com uma luzinha que pisca mais ou menos intensamente a espaços e que projecta o sonho tão comum de um quase chegar inopinadamente quebrado. Há, assim, períodos de exacerbado absoluto - mesmo de profundo realismo - como há períodos de euforia e de descrença se não se atinar no conselho do(s) poeta(s) de que: «tudo vale a pena, se a alma não é – e nunca é, necessariamente - pequena!» Foi-se entremeando o preto e o branco, o gosto e o não gosto, a simplicidade e o complexo, mas no fim somos apenas tempo - tudo o que fazemos percorre desse modo essa banda, umas vezes estreita, outras vezes imensa, que é, umas vezes, exercício, outras, uma espécie de grito – tão só à espera apenas do eco que corrija o tiro, daquilo que nos distingue pela inteligência, das pedras: a nossa capacidade de apreendermos e aprendermos com o que nos rodeia, seres anónimos, cadáveres adiados que replicamos e reescrevemos. Não se «larga» a mão de quem nos ensina a bolinar por entre as ondas...e o desafio está sempre presente, mesmo que imerso!

Sem comentários:

Enviar um comentário