Como amante da leitura e da escrita sempre tive um problema. Sou «boa boca», que é como quem diz, raramente desgosto de nada. Da história, à economia, à sociologia, à ficção, ao romance histórico, ao conto, ao ensaio, aos clássicos, aos modernos... «papo» com os olhos, como é óbvio nos limites do bom - tom, do comportamento e da ética humana - que tanto persigo e preservo - quase tudo o que mexe e esteja à mão. O que não significa que não tenha o meu critério de ranking, de classificação, de «gosto mais ou gosto menos» - embora a minha escala pareça só ter ordenadas e abcissas positivas.
Conheço mal a obra do Peixoto, do Valter e do Pedro Mexia: «Mea culpa, falta minha, prejuízo insano.» Só por serem poetas, tenho por eles simpatia... e empatia, fazendo eles parte do meu catálogo de escrita viva. Do Pedro Mexia li, há pouco tempo, alguma poesia esparsa pela blogoesfera - de que gostei sobremaneira. Do Valter, o mãe, «Ò mãe, a sensação é a da urgência da leitura de que um filho pode ter por ti!»
Por outro lado, conheço bem a obra do João Tordo. Através da leitura de quase todos os seus livros, a quem segui o percurso e crescimento como escritor, a aprendizagem, a sedimentação do seu estilo muito cinematográfico e anglo-saxónico - de que também gosto, ou não fosse ainda um re-leitor de Faulkner, de Hemingway, ...
E só tal alguém alcança, a efémera virtude na escrita, dado que ser escritor não é um objectivo, é um processo!, e vale a pena ter presente as palavras desta nossa amiga…
Conheço mal a obra do Peixoto, do Valter e do Pedro Mexia: «Mea culpa, falta minha, prejuízo insano.» Só por serem poetas, tenho por eles simpatia... e empatia, fazendo eles parte do meu catálogo de escrita viva. Do Pedro Mexia li, há pouco tempo, alguma poesia esparsa pela blogoesfera - de que gostei sobremaneira. Do Valter, o mãe, «Ò mãe, a sensação é a da urgência da leitura de que um filho pode ter por ti!»
Por outro lado, conheço bem a obra do João Tordo. Através da leitura de quase todos os seus livros, a quem segui o percurso e crescimento como escritor, a aprendizagem, a sedimentação do seu estilo muito cinematográfico e anglo-saxónico - de que também gosto, ou não fosse ainda um re-leitor de Faulkner, de Hemingway, ...
E só tal alguém alcança, a efémera virtude na escrita, dado que ser escritor não é um objectivo, é um processo!, e vale a pena ter presente as palavras desta nossa amiga…
«Eu não sabia que todas as noites do mundo eram efémeras.» (M.R.P.; Poesia Reunida; pg.100)
Escrever é pois cada vez mais um acto efémero com pouco brilho, que só se justifica se for para adormecer as nossas mágoas, ou para nos transportar a um passeio de fantasias: «eu não sabia que toda a escrita do mundo era efémera.»
…bem como a deste:
A um filho, a um nado morto, assim, guardá-lo-ia debaixo de uma almofada e como Gepeto dar-lhe-ia todos os dias uma nova forma, um nariz mais equilibrado que fosse capaz de olfacto, uma boca mais desenhada que permitisse tragar um prato com paladar e outros sentidos que o transformassem num nado vivo, bem diferente daquele de madeira inerte sem sentido.
Do Peixoto que me dizem caxineiro, e como gosto de quem ama o mar, irei ler a sua última obra, «O dentro do segredo»; e já que a percepção, quase pela certa errada quando se valorizam apenas impressões, partes ou excertos (em obra de peso, pensada, não em sebentas) e não se olha o todo - é no geral de um escrita demasiado intimista, demasiado do domínio do eu, e portanto à espera de momentos - tornando-a mais dependente de um tempo de leitura próprio, que eventualmente não lhe retirará qualidade, mesmo se condizer com uma percepção feita de manuseio «en passant» de livrarias várias a quem já faltam «os cabedais» para a refrigeração e o aquecimento.
Aqui, mea culpa, tive uma espécie de olhar de editor, condicionado este – mesmo se consciente e profissional, capaz da intuição dos que já muito viram - pelo tempo que vive, pelo lugar que ocupa, pela ditadura da moda que tem obrigatoriamente de seguir para não se condenar (julgam os irritados com a Merkel, como eu!, que ela é um produto de si própria ou reflexo condicionado da opinião pública a quem ter de servir?, ou julgam os ingénuos que o marketing é ainda de produção e não de consumo, «aportar valor ao consumidor é o mote», numa assumpção clara de que já não é o produtor - leia-se, escritor - mas o consumidor que manda?) Julgava o leitor desta maçada, que era ele o condicionado? Engana-se, que a condição de editor, no tempo de editoras condenadas, não, editores (que esses cada vez serão mais necessários, como conselheiros, quase como religiosos que distribuem comunhões e deslindam confissões), é condição de bem maior sofrimento. «Em tempos de racionamento somos obrigados a racionalizar as nossas escolhas pelo máximo denominador comum, sujeitos às massas e não sujeitando as massas a gostos estranhos de nichos, que desconhecem ou temem.»
…bem como a deste:
«Really, it's an awful field," Tepper says he was told by Roth. "Just torture. Awful. You write and write, and you have to throw almost all of it away because it's not any good. I would say just stop now. You don't want to do this to yourself. That's my advice to you.»Processo de necessidade e de gosto, quem trabalha com um olho na crítica e outro na autocrítica, semicerrando um para dar lugar e vez ao outro, reflectindo sobre os pontos de vista de terceiros - dando a ler «brutos, sebentas» mesmo que pouco cuidados ou cuidadas, escritos num jacto, por homenagem ou amiga provocação, contrariando ininteligentemente, ou propositadamente, como quem quer sentir o peso, avaliando numa primeira fase conselhos, para perceber intuições e piscar de olhos reflexos e emocionais, abatendo frios profissionalismos, analisando e intuindo caminhos, amargando cortes necessários, mas dolorosos, «dos seus filhos», integrando conselhos, contexto, vontades, possibilidades... o mundo é infinito, mas o livro para o verdadeiro autor (como para o verdadeiro artista!) não merece um fim trágico na guilhotina.
A um filho, a um nado morto, assim, guardá-lo-ia debaixo de uma almofada e como Gepeto dar-lhe-ia todos os dias uma nova forma, um nariz mais equilibrado que fosse capaz de olfacto, uma boca mais desenhada que permitisse tragar um prato com paladar e outros sentidos que o transformassem num nado vivo, bem diferente daquele de madeira inerte sem sentido.
Do Peixoto que me dizem caxineiro, e como gosto de quem ama o mar, irei ler a sua última obra, «O dentro do segredo»; e já que a percepção, quase pela certa errada quando se valorizam apenas impressões, partes ou excertos (em obra de peso, pensada, não em sebentas) e não se olha o todo - é no geral de um escrita demasiado intimista, demasiado do domínio do eu, e portanto à espera de momentos - tornando-a mais dependente de um tempo de leitura próprio, que eventualmente não lhe retirará qualidade, mesmo se condizer com uma percepção feita de manuseio «en passant» de livrarias várias a quem já faltam «os cabedais» para a refrigeração e o aquecimento.
Aqui, mea culpa, tive uma espécie de olhar de editor, condicionado este – mesmo se consciente e profissional, capaz da intuição dos que já muito viram - pelo tempo que vive, pelo lugar que ocupa, pela ditadura da moda que tem obrigatoriamente de seguir para não se condenar (julgam os irritados com a Merkel, como eu!, que ela é um produto de si própria ou reflexo condicionado da opinião pública a quem ter de servir?, ou julgam os ingénuos que o marketing é ainda de produção e não de consumo, «aportar valor ao consumidor é o mote», numa assumpção clara de que já não é o produtor - leia-se, escritor - mas o consumidor que manda?) Julgava o leitor desta maçada, que era ele o condicionado? Engana-se, que a condição de editor, no tempo de editoras condenadas, não, editores (que esses cada vez serão mais necessários, como conselheiros, quase como religiosos que distribuem comunhões e deslindam confissões), é condição de bem maior sofrimento. «Em tempos de racionamento somos obrigados a racionalizar as nossas escolhas pelo máximo denominador comum, sujeitos às massas e não sujeitando as massas a gostos estranhos de nichos, que desconhecem ou temem.»
Corrigem-me a Rosário e o Rui que as caxinas é o lugar do Hugo, o mãe, e que Peixoto é alentejano de gema. Pois assim seja, camarada!
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