Lisboa, Manhã Clara de Um Dia de Fim de Julho
Serve esta missiva para lhe dar conhecimento que o sapo que acabei de engolir, embora não seja o primeiro porque a sua degustação imposta tornou-se quase diária, manda cumprimentos calorosos ao seu sapo, esperançado que possam um dia trocar experiências com ganho recíproco (diz o meu Sapo que não estamos em tempos de pieguice e solidariedade desprendida!)
A forma dele era grotesca, diria mesmo dantesca, naquele seu esverdeado claro, como uma farda de caqui camuflada: parecido no conteúdo e forma com o esparregado da casa de pasto aqui do lado.
Feito com uns pingos de corante e muita peçonha, foi acabado de promulgar pelo sapo velho reformado e diz chamar-se Sapo Lei ….
Eu, que só com muito esforço de memória e de contracção sistólica o consigo descrever, duvido que seja este o seu verdadeiro nome: porque vi por detrás de uns limos, que enfeitam o nosso quintal, se chamava Sapo - Renda, preparando-se para com a sua peçonha uma troca de soma rendosa (o zero é aqui número desconhecido e os Sapos que querem ser bois tem dificuldades na multiplicação, mas tem sempre uma ideia de somas) - na proveitosa proporção de um abastado por dez desgraçados Sapos idosos!
Tive, infelizmente, pouco tempo para o contrariar; e quem contraria o contrariado, que enrola a língua e troca os insectos daninhos pelos insectos virtuosos?
Estava, entretanto, o sapo Lei já muito anafado, mas nunca em sossego, já que na penumbra it will work for food … e isto quase diariamente, segundo o que não consta nas actas da assembleia dos batráquios!
Por esse motivo, tenho o meu frigorífico em greve de funcionamento, pelo esbulho diário da sua peçonha, que tudo em que toca se transforma em pedra; embora há quem diga que enrolado na língua transforma food em pepitas, de ouro, as quais são entregues em grandes barricas a um grande sapo que se chama Sapo Credor.
Para Amarante, pelos canos de esgoto alfacinhas que serpenteiam ministérios e quartéis - generais das tríades, fugindo a todas as Scuts e optando pelas vias – sacras dos livros do desassossego, envio-lhe o meu Sapo, a quem agradeço que ensine nestas férias entre frondosa verdura e florestas de folhas de papel tipografado, a sabedoria e a humildade do campo,
Antecipado e grato agradecimento deste sapo acinzentado, da cidade, que já não conhece a cor e beleza do efeito clorofila
P.S. Segue, de locais onde tudo hoje acontece, imagens esclarecedoras de como lidar com estes monstrinhos verdes, sem rebuços nem remorsos para o futuro.
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