Ele não há apenas horas
extraordinárias mas, também, coincidências extraordinárias quando se fala em
«Olhar para Trás».
Uma notícia, verdadeiramente extraordinária, acaba de chegar
às redacções: afinal, ao contrário do que pensavam os arqueólogos de moda, o soutien
ou sutiã, de alças, não apareceu no século XIX como resposta ao espartilho,
tendo sido encontrados fragmentos no castelo de Lemberg, na Áustria, de soutiens
de tecido, confirmados como datados do século XV.
Nós, contemporâneos, teremos sempre a tendência de olhar para a civilização como se esta começasse no nosso
dia de nascimento, como se o facto de haver elos perdidos na descrição de
tempos passados fizesse do nosso tempo o começo da sofisticação histórica.
Quem gosta de aportar rigor aos seus
romances históricos, vestindo os personagens como cópias quase fiéis, dando-lhes vida e acrescentando-lhes os instrumentos de uso do momento, sabe que não é fácil essa transposição do contexto dos usos, utensílios e
costumes.
Neste caso, os casanovas e as cortesãs do passado representam-se como fracas caricaturas de si mesmas, incapazes de
deixar uma descrição fiel das indumentarias desses tempos.
Nós próprios fazemos fraca figura quando pensamos ter, em tempo que julgamos sofisticados, pouco para aprender com os nossos antepassados. É bom, que olhando
para trás, percebamos o facto de sermos elos do passado, muito menos distantes do que pensamos.
Não desvalorizando esse respeito que devemos ao passado, "Olhando para Trás", é lição de sabedoria das sociedades que se querem respeitar e preservar da repetição do erro.
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