Ler na cama tem essa vantagem: torna-nos mais limpinhos, cheirosos e pontaneiros, na ponte que liga os dois donos de margens contiguas - mesmo que geracionais, de afectos ou lealdades. Os limos onde podíamos escorregar na travessia, servem agora de estrume que adubará as margens comuns das plataformas que estabelecemos.
Onde lemos, e vemos, é pois importante.
A minha leitura de O Leitor, de Bernard Schlink, foi feita em cima das imagens e não da palavra escrita, essa leitura das imagens.
E, diferentemente de Schlink, ou melhor do realizador que imaginou o concerto de palavras de Schlink, porque há ternura não se pode retirar a esperança, mesmo com o erro da ingenuidade, teria dado um final mais feliz - porque no mundo da brutalidade do homem há sempre esperança e lugar para mais do que uma leitura.
Será que Hanna, protagonizado por essa extraordinária actriz Kate Winslet, a revisora alemã analfabeta, soou apenas a um apelo de uma noite de sonho a quem mais que as palavras e as resposta às mesmas da sua personagem, interessava a poética amorosa que elas encerravam?
Em mais um post que apela à reflexão, cada vez mais me apetece a beleza dos conteúdos e menos a certeza e a perfeição das formas: será que isto é sinal de maturidade, ou de velhice?
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