Prever o comportamento
humano, através da forma e expressão de um rosto era no momento a menor das
suas preocupações.
A maior era, sem dúvida,
tomar um banho e escanhoar aqueles pêlos escuros a que chamava barba.
Curiosamente, não tendo feito a barba desde o dia anterior à ofensiva, esta
parecia não ter crescido como normalmente… talvez houvesse um efeito de
retardamento do tempo, por efeito guerra.
«Ora aqui estava uma tese
para discutir com o médico, se ele queria conversa sobre adivinhação do
comportamento e da fisiologia humana através das formas: e a sua forma e a dos
soldados que o rodeavam era particularmente assustadora. Muitos pareciam, no
meio de caras envelhecidas, tezes terrosas e pálidas, pálpebras fundas como
poços secos e olhos recuados como que escavados de terror, verdadeiras máscaras
humanas...»
- Efeito guerra?
- Caro médico, o efeito guerra
é tão bom como outro qualquer. Hoje em dia há efeitos para tudo: o efeito
estufa, o efeito borboleta, o efeito clorofila, o efeito doppler, o efeito
placebo… mas o meu preferido é o efeito Laffer.
- Laffer? Nunca ouvi!
- Nem podia, doutor,
inventei-o agora! Como uma representação hipotética da relação entre a eficácia
do soldado simples na função extermínio e o soldado condecorado.
- Espero que nunca seja
aproveitado no futuro por ninguém.
- Aproveitar para quê, caro
Doutor? É tudo tão efémero e o que têm substracto nunca se perde e sempre volta
a crescer!
- Mas cheira-me que ainda haveremos de voltar a ouvir este nome, porque há muito quem queira mais e leve menos. É intemporal!
- Mas cheira-me que ainda haveremos de voltar a ouvir este nome, porque há muito quem queira mais e leve menos. É intemporal!
Working
novel, a terminar em Agosto, um trecho anódino, insignificante e calmante da
dor das férias, que é um mês tão bom para a escrita como todos os
outros!
Em
Setembro será apenas mais um, mas who cares, se é tudo tão efémero neste mundo
de efeitos.
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