Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Working Novel

Prever o comportamento humano, através da forma e expressão de um rosto era no momento a menor das suas preocupações.
A maior era, sem dúvida, tomar um banho e escanhoar aqueles pêlos escuros a que chamava barba. Curiosamente, não tendo feito a barba desde o dia anterior à ofensiva, esta parecia não ter crescido como normalmente… talvez houvesse um efeito de retardamento do tempo, por efeito guerra.
«Ora aqui estava uma tese para discutir com o médico, se ele queria conversa sobre adivinhação do comportamento e da fisiologia humana através das formas: e a sua forma e a dos soldados que o rodeavam era particularmente assustadora. Muitos pareciam, no meio de caras envelhecidas, tezes terrosas e pálidas, pálpebras fundas como poços secos e olhos recuados como que escavados de terror, verdadeiras máscaras humanas...»
- Efeito guerra?
- Caro médico, o efeito guerra é tão bom como outro qualquer. Hoje em dia há efeitos para tudo: o efeito estufa, o efeito borboleta, o efeito clorofila, o efeito doppler, o efeito placebo… mas o meu preferido é o efeito Laffer.
- Laffer? Nunca ouvi!
- Nem podia, doutor, inventei-o agora! Como uma representação hipotética da relação entre a eficácia do soldado simples na função extermínio e o soldado condecorado.
- Espero que nunca seja aproveitado no futuro por ninguém.
- Aproveitar para quê, caro Doutor? É tudo tão efémero e o que têm substracto nunca se perde e sempre volta a crescer!
       - Mas cheira-me que ainda haveremos de voltar a ouvir este nome, porque há muito quem queira mais e leve menos. É intemporal!

Working novel, a terminar em Agosto, um trecho anódino, insignificante e calmante da dor das férias, que é um mês tão bom para a escrita como todos os outros!
Em Setembro será apenas mais um, mas who cares, se é tudo tão efémero neste mundo de efeitos.

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