Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cheirar o Título

A M.R.P. trás quase sempre textos que nos fazem reflectir. E como cada vez mais necessitamos, numa sociedade de usa e deita fora, de reflectir. 
É coisa aliás de que me não queixo, ao contrário de outros que me verberam de deixar os pés em casa e andar pela cidade sem eles. Da titulação não me queixo: aparecem-me pelo menos meia dúzia por dia. O seu cheiro atrai-nos, é como um sentido gustativo, como uma sopa de pedra que se eleve no ar.
Difícil é acompanhar o seu ritmo com o conteúdo, embora não me queixe nem de tempo nem de imaginação delirante, que parece um cavalo de corridas à solta. 
Desde que começo a escrever, cada palavra multiplica-se em múltiplos de ideias: o difícil não é fazê-las sair, é apanhá-las antes que se estatelem no espaço público. 
Mas também é verdade que se estatelarem no espaço público não fazem muita diferença do seu modo de estar no espaço privado. É que esse separação cada vez a titulo menos. 
Talvez seja da matemática que entrava com dificuldade, mas que de tanto martelada, abriu um buraco por onde tudo sai, a uma velocidade comprimida mais estonteante do que a que entra.
 
Penso mesmo que conseguiria escrever um livro só de títulos, seria algo semelhante em bondade ao tal livro que compra o tempo antes de se eclipsar. Este pelo menos seria mais útil: seria assim uma espécie de titulação criativa que daria azo à imaginação. Sempre poderia ser colocado como livro de exercícios de escrita criativa.  Sendo, assim, penso que já antevejo o próximo futuro transformado numa nova profissão: titulador. E como estou em tempo de raiva e de comparativo, vou pedir já o doutoramento àquela polidiversidade que vocês conhecem, e que até gosto do nome pelo Agualusa e pelo Mia: lusófona. Não a de humanidades, mas a de títulos criativos! 


A propósito disto acrescentaria ainda uma nova titulação: Teoria Singular dos Gostos Relativos... se for de mau gosto e pesar pela impaciência, ainda tenho aqui no saco pelo menos mais uns mil, que já incomodam pelo peso, pelo espaço e pelo espartilho criativo do gosto.

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