Há quem
diga: a cultura pode ser chata como a potassa! Como também quem pergunte: a cultura é chata?
Mas também quem diz isso é porque não discorreu que a cultura pode ser como o bacalhau seco: pode ser saboreada pelo menos de 167 maneiras; pelo menos aproximadamente a um número desta dimensão, já que desconfio que cada um de nós é um compound cultural com as suas próprias hierarquias.
Mas também quem diz isso é porque não discorreu que a cultura pode ser como o bacalhau seco: pode ser saboreada pelo menos de 167 maneiras; pelo menos aproximadamente a um número desta dimensão, já que desconfio que cada um de nós é um compound cultural com as suas próprias hierarquias.
Na minha
hierarquia o Câmara Clara, consta! O que não consta são aquelas formas
chatas de entretrer os olhos sem recurso às sinapses cerebrais, há quem ache
entristecer, que dão pelo nome de telenovelas, embora elas sejam também
inevitavelmente cultura e façam parte de outras hierarquias… e a cultura não se
nega a ninguém: é um direito social e humano de última geração!
Concordo também
com a Ana B. que a motivação é interior; e o Câmara Clara um excelente
programa. Os direitos culturais alargaram-se e hoje são de quarta geração… e de
nicho: «a liberdade já passou por aqui!», dirão os mais saudosistas.
Agradeço
à Ana a dica da leitura da «Última paragem, Massamá», de
Pedro Vieira, esperando no entanto, com natural horror mas com
esperança, que a linha estreita que parece terminar em Massamá seja rapidamente
desobstruída, e aberta se expanda sem mais dor para lá do nosso Bojador (que é
um monstro de cabeças diferenciadas nas nossas diferentes hierarquias; para
algumas gerações mais novas, os monstros, hoje, já não são o conde Drácula, nem
Frankenstein, nem Mr. Morte… mas a bela adormecida e os seus adoráveis anões).
Desobstrua
e acresça, sem esta forma chata de autoflagelação que nos faz descrer de tudo e
todos - até das manifestações de Kultur que se nos entranharam e entranham todo Los
dias pelos poros.
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