Não passa um momento que a mãe terra, essa Mátria que nos
deu à luz, não ruge um rugido altivo de leoa, soando neste tempo de trevas a arrependido
e dorido. Não passa um momento que o campo mais verde se arrepie e se
descolore, tornando-se árido e desprovido de verde. Não tarda um momento que as
flores, de que te quero dar um ramo, se tornem murchas. Mãe! Que pátria é esta
que te arrebanha os filhos? que campo é este que não nos saceia a fome? que
costa é esta que não nos alimenta? que espaço aéreo é este, que nos levanta voo
para outros lugares que não têm o nosso coração? que orvalho é este que tomou
conta dos nossos seres? que enganos são estes, vagas esperanças, de que nos davam,
uma e outra vez, como se de pepitas de ouro se tratasse, até se tornarem tantas
que não as consegues contar? que alma é esta de que nos diziam não ser pequena?
que bruma é esta pior do que a de alcácer, que acabou com o nosso encoberto
colocando-nos a descoberto de todos os perigos e sevícias? que cobardia é esta
que tomou os campos do nosso quintal? que sandice é esta que nos entontece o
peito? que desfortuna é esta que impuseram às nossas cabeças? que correntes são
estas que nos agrilhoam ao lugar de escravos? Mãe! eu não nasci para viver num
tal lugar! Mãe! retorna-me prestes à terra para eu puder uma vez mais nascer e
dizer com a força do primeiro grito, «eu quero um lugar mais alegre e viçoso para
criar e onde viver para morrer com fulgor e ganas!»
PAS
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