Quando Mona Lisa me abordou não estava voltado para conversa. Doía-me um molar de que desconfiava fosse um dente do siso.
Na altura tive um comportamento não habitual em mim: um comportamento de distanciação como se aquela mulher não merecesse toda a minha atenção.
«Que sim, anuía eu sem a ouvir! que sim, que estás carregada de razão! que sim, que isso não se faz!»
Quando olhei para ela foi a primeira vez que lhe senti uma tristeza profunda.
Olhava-me como se lhe tivessem tirado um pedaço de vida. Vi-lhe escorrer pela tela uma lágrima.
«Porque choras?», perguntei-lhe.
Olhei para o meu lado e vi gente chorosa e um povo calado, indignado, com uma dignidade que arrepia.
«Porque choras?», perguntei novamente.
«Choro por um mundo que desaba novamente... devagar!», respondeu.
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