É engraçado como tantas verdades estão contidas no post de MRP.
A primeira é que na leitura digital, as árvores agradecem.
A segunda é que o nosso écran grande é, de facto, o livro impresso.
A terceira é que no futuro nem tudo será como dantes.
Pelo menos na aparência. Talvez não na essência. Porque o livro tem cor, tem sabor, tem formas, pode ser resgatado e posto de lado como um(a) amante a que se sempre se retorna, pela graciosidade, pelas formas, pela ironia, pela inteligência, pela capacidade de se dar. O livro pode-se amar, pode-se odiar e não nos agride os holofotes da alma. Faz-nos falta ao tacto, é real e sim - é muito mais perene que as plataformas que perderão os seus bites com o passar dos anos.
Como espectador de cinema, o meu pequeno écran, que já uso mais no monitor que no ecrán televisivo, não se compara a uma grande écran de cinema. O próprio formato da sala faz-me pensar que a hora é mágica e que em companhia do outro, brevemente sobrevoaremos como numa nave espacial, os sonhos projectados no grande écran. Grande écran, que estranhamente, ou talvez não, nos dilata a alma e nos leva para uma outra dimensão.
Não me tirem o grande écran, nem os pequenos objectos de afectos a que chamamos livros. Não me tornem homem máquina.
(Como todos somos seres contraditórios declaro, num statment muito similar à da Olívia patroa e à Olívia cabeleireira, que o meu conservadorismo conflitua com o meu progressivismo, logo, o meu amor aos livros só me perturba por momentos a autoestrada de desenvolvimento do livro é.
Livro que vejo, à frente do jovem, na escola, manuais ejectados para o seu dispositivo digital; livro que vejo no operário, feito trabalhador do conhecimento, a exigir ao gestor do conhecimento os manuais digitalizados de procedimentos; livro que vejo no utente a exigir do vendedor os manuais e as garantias enviadas para o seu dispositivo digital; ...)Vejo tanto, às vezes, mas finjo que não vejo quando não me agrada!
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