...
Odeia quem trás a bandeira
bem desfraldada da iniquidade, da desigualdade, do desemprego.
Odeia tanto que se torna
ele próprio fonte de ódio. Um semeador. O homem estava caído no chão e agarrava
com as duas mãos a terra. E chorava a dois olhos também, abrindo um sulco na
terra, como se estivesse a abrir um caminho para um rio.
«Chegou há pouco, vê-se! E
ainda chora por ter deixado tudo o que pensava importante na terra!»
«É. Pobre coitado!»
«Enganam-se, minhas
senhoras. Está mas é o pobre coitado bêbado que nem um cacho!»
«E quem é o senhor?»
«Ninguém, minha senhora,
ninguém!»
«Ah, bem me parecia»,
responderam as duas enquanto se afastavam, escandalizadas por terem sido
interrompidas, enquanto o homem escondido pelo hábito, olho claro e barba
abundante ruiva se quedava entreolhado com tanta falta de respeito.
«Cuidado», gritou de
repente, uma voz.
Todos se baixaram tentando
proteger-se dos dejectos e imundices que parecia chuva e alimentava os perros.
...
Sem comentários:
Enviar um comentário