O post que aqui vou colocar é de risco (mas não é a vida um risco contínuo?) já que compromete a minha imagem de sanidade (mais emocional que mental, espero!) embora tenha uma componente... Capital de Conto.
Antes do mais quero dizer que não é fácil a vida de quem não se compra, nem se vende, nem usa estratagemas viciosos (não?) para entregar a carta a Garcia. Ser reconhecido, nem que seja num fogacho momentâneo como quem ganha um euromilhões, saindo dos tostões do aleijadinho (talvez por isso goste tanto do tão maltratado Dinis Machado), é o objetivo confessável ou inconfessável de qualquer de nós: todos queremos colinho, todos queremos revisitar a nossa infância e é nesse medida que este comentário é «Capital» no seu sentido denotativo.
Ontem redescobri (reconheci?) inusitadamente um sorriso aberto num elemento de um casal, lindo no amor, de uma emoção ao estilo de Pedro e Inês (sou muito dado a isso, a emocionar-me com a amizade e o amor genuíno, arrebatado, intenso, com a lealdade do ser... para mais quando condimentada com as histórias de dureza da vida, com a beleza e bondade das relações).
Descobri por detrás do amor de Miguel Esteves Cardoso (do Miguel de sorriso aberto com quem me cruzava na Universidade e com quem me deliciava com a sua irreverência escrita e dita) e de Maria João, um outro sorriso da minha juventude: Maria João, a própria, ou pelo menos a suspeita da sua pertença; a Maria João da cidade dos Templários, dos amigos Lousadas, do Areeiro, da «Capital» dos estudantes deslocados e nos emprestados por uns tempos.
É só uma suspeita, é certo, num rosto marcado indelevelmente pela dor e sofrimento (mas também pela vitória da vida, que adia a nossa passagem) mas mesmo assim com um sorriso alegre passado estampado suspeito, reconhecido com grande probabilidade pelas minhas atentas «gavetas».
Hoje percebo que essa Maria João com quem hipoteticamente convivi na Capital despreocupada dos estudantes, do sorriso e gargalhadas alegres, fácil de nos fazer apaixonar, só poderia estar destinada a um outro sorriso traquinas como o do Miguel. E tudo isto passado na «Capital». Como é bom sentirmo-nos humanos [quem disse que recordar (não) é viver?] uma e outra vez e, usando apenas (apenas?) o estratagema da memória, podermos reler cartas emocionadas e emocionantes nunca entregues a Garcia. Como diz o editor pela voz de Rosário: «A beleza e a alma de uma cidade ultrapassam as fotografias dos locais que aparecem nos postais ilustrados, onde se aglomeram turistas ocasionais. Uma cidade constrói a sua singularidade sobretudo nas vielas e nos becos, nos sentimentos dos seus habitantes ou nos rituais da sua vida quotidiana»
(Do mundo das Maria João, ficou-me o sorriso alegre e aberto de uma; Maria João há muitas e nem todas são aquelas que suspeitamos ou fazemos de conta que são; e não sendo, podemos sempre tê-las como efémeras num Capital de esperança! Obrigado, pelo empréstimo!)
(Do mundo das Maria João, ficou-me o sorriso alegre e aberto de uma; Maria João há muitas e nem todas são aquelas que suspeitamos ou fazemos de conta que são; e não sendo, podemos sempre tê-las como efémeras num Capital de esperança! Obrigado, pelo empréstimo!)
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