Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

terça-feira, 2 de abril de 2013

À Procura de Hyacinthe Garin

Em 1889 a Typographia da Companhia Nacional Editora imprimia um livro de um nosso maior com tradução em verso francês de Hyacinthe Garin, um amigo de messieur José. Tempos ainda de outros acordos ortográficos de um Portugal ainda mais redondo, inchado talvez fosse o termo mais apropriado, e complicado. Isto visto sobre a nossa lente atual e sabemos bem como não nos devemos debruçar sobre o passado, com uma lente de um tempo diferente. 
Luiz, o autor, de tradução dedicada a José, Maria Latino Coelho, começa a sua descrição desta maneira:

O vous, hommes vaillants des plages lusitaines
Qui, partis d’Occident, avez par vos exploits,
Soumis bien au delà des côtes africaines
Des mers qu’on sillonnait pour la première fois;
O vous, que méprisant les vents et les tempêtes
A travers les dangers, les combats de géants,
Parvintes à poser, pour prix de vos conquêtes,
D’un Empire nouveau les premiers fondements;

A este país de bacias xistosas onde se guardam tesouros imensos, e a que muitos agora querem retirar e exaurir todos os recursos, culpa nossa e culpa de outros, já o prefácio do tradutor inflamava: «le Portugal, situe à l’extrémité de la péninsule hispanique, est tellement favorisè par la nature et sa situation qu’on pourrait l’appeler le Paradis de l’Europe (...)»
Obviamente que em 1889, à data desta tradução de «Les Lusiades» de Louis de Camoens com um trema no e, ainda Portugal não pertencia a esse ardiloso mosaico transeuropeu de povos, a que chamamos hoje de União.
Esta edição, luxuosamente encadernada como prémio a uma estudante emérita dos anos 50 da Ecole Francaise de Lisbonne, por escolha do proviseur E. Dumazet e ofertada par monsieur l'ambassadeur de France, reconduz-nos a um tempo onde o premeio do mérito não era possivelmente também regra, mas exceção. 
A estudante a merecer este destaque foi «l'elève Odette Rombert», senhora minha mãe, estudante posterior de Germânicas e Românicas, uma estrela de inteligência e bondade, das suas letras, dos seus alunos, do seu marido, dos seus filhos. 
Muito prematuramente adormecida nos longínquos anos 80 do século pretérito - se prematuro admite muito ou pouco - Deus a tenha e a guarde no seu regaço, «femme vaillant des autre plages lusitaines et d'autre temp emèrite»

Sem comentários:

Enviar um comentário