Diz o extraordinário Luís MONTENEGRO, ou CIDADANIA NEGRA, se o quisermos qualificar na sua realidade:
«O País está melhor, os Portugueses é que não!» Diz sem se rir, mas com
um laivo de maldade e ironia no rosto, como dizia Himmler, até receber
na face sangue e miolos de executados, na grande solução final e antes
de se afundar no seu próprio vómito.
Entretanto o Grande Marcelo
continua, semana após semana, maquiavélica, delirantemente, a atirar
veneno e penas para o grande ecrã, manejando com destreza mas já sem
eficiência, a sua escorreita língua bífida, viperina roubada, lábia
liperina rasgada escondida, não se sabe se aos anjos se aos demónios.
E entretanto nessa urbe-negra, cada vez mais cinzenta, cada vez mais
inabitada, os homens e as mulheres abatidos e abatidas, mil vezes
escravizados pela canalhocracia, arrastam-se no silêncio da amargura,
desprovidos de pão, de locomoção, de ilusão, de esperança.
Arrastados para debaixo das pontes por essa máquina humana, certeira,
por esse programa que retira aos seus o tecto, o pão, a esperança
através dessa solução eficiente chamada penhora, um Zyklon B quase tão
eficaz no genocídio como as valas varridas a invólucros de balas
certeiras na nuca.
Vendem-se entretanto com ferocidade e olhinhos
pequeninos de ganância, de ambição, de rapina, os últimos pãezinhos que
ainda alimentavam algumas bocas.
Ali foi uma que se chamava
CIMPOR, outra PT, outra EDP, ali outro acidente que se chamava TAP,
enquanto os coringas e os palhaços desta Gotham City do outro lado do
Oceano, assaltam crianças, jovens, mulheres e velhos, retirando-lhes o
último pão da boca e rindo-se alarve e criminosamente nas suas faces.
PORTUGAL ESTÁ MELHOR, "tonitruam" eles aos sete ventos!
PORTUGAL ESTÁ MELHOR, dizem eles aos quinhentistas de uma única nota, escravizados em falsos estágios.
PORTUGAL ESTÁ MELHOR, dizem eles ao 1,1 milhão de Portugueses que, um
tipo chegado de motorizada com um diploma nota doze e babete de
menino-escola, seguindo como cão farejador em tudo o seu mestre, fazendo
de conta que não vê, não por que seja cego, mas por ter como muitos
cegado no caminho, amanuense de facto, assistencialista de lei,
manipulador centesimal e profanador legal de borracha, apagando este
dado aqui e ali, esta evidência aqui e ali, um despojado da leitura de
Hannah Arendt, que viu a carnificina não só como resultado de um homem,
de um louco, de um delirante ou de um psicopata qualquer, mas dos seus
acríticos, rafeiros e fiéis seguidores.
Por que isto de ser PP, é
mais do que se ser jurista, ou o paneleiro que faz entre outras coisas,
peças, panelas, ou o ferreiro que ferra em aço mole ferragens e, entre
coisas, ferra na cidadania, ferreiro espeto mau, ou espeto o pau, ou
peixeiro de praça, ou jeitoso ardiloso de jornais, isto de ser PP é ser
feirante e comerciante de ovelhas, levando-as bem encarreiradas para o
matadouro, enquanto se canta a várias vozes, a do paneleiro, a do
jurista, a do ferrador, a do ilusionista, O PAÍS ESTÁ MELHOR, O PAÍS
ESTÁ MELHOR, dizendo a uma só voz perante as valas recheadas de
cadáveres, de velhos enterrados vivos, de jovens atirados para outros
quintais, de qualificados esmagados em casa fechados na vergonha de
quatro paredes, pelo amiguismo, pela canalha DA LOCUPLETAÇÃO, de mulheres
tantas vezes obrigadas a alçar as pernas à canalha, ESTOU NO TOPO DO
MUNDO, dizem os anões em delírio, finalmente sentindo-se gigantes, as
mulheres humilhadas para dar um trago de leite aos filhos.
FIZ TUDO
POR AMOR AO REICH, NESTE CASO A PORTUGAL! dirão por fim quando forem
cuspidos como indesejáveis, depois de vomitados como personnas não
gratas a este corpo esvaído.
(...)
E, entretanto, diz o THE NEW YORK TIMES: PORTUGAL está desolador!
Não, não, rebatem eles do alto da sua ignomínia: PORTUGAL ESTÁ MELHOR, O POVO É QUE TEM FALTA DE SENSIBILIDADE!
© PAS (Pedro A. Sande)