A RAINHA GINGA de Eduardo
Agualusa é um livro decente, onde se sente investigação numa história decente,
recheado daquilo que me pareceu ser a sua maior virtude: a escrita escorreita e
a nomenclatura Africana.
Não sendo um livro soberbo
é, no entanto, um livro que revela uma escrita q.b. de um escritor certinho.
O Estrangeiro de Camus é um livro sentido muito na linha do existencialismo Sartriano, mau grado Camus ter
rejeitado essa classificação.
Um livro que pode
definir-se nas últimas palavras do personagem Meursault, palavras de
reconhecimento da indiferença do universo em relação à humanidade.
Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida a mim mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio.
©PAS
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