No Horas Extraordinárias, Rosário avisa-nos deste Regresso Feliz.
Como a decadência e a prostração tem sempre no horizonte o seu contrário, mesmo que ele esteja para além da linha do horizonte - e sejamos como viajantes no deserto sempre à beira da ilusão de um oásis que nos sacie a sede - vejamos como Eugénio de Andrade resolve o problema.
«Quid pro quo» diria Eugénio - como já não ouviria desde Hannibal Lecter.
A vida é definitivamente uma «corrente de escrita!»
Isto:
«Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.»
(Eugénio De Andrade)
Por aquilo:
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
(Eugénio De Andrade)
No futuro, ao longe ou ao perto, haverá sempre um oásis!
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