Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ler Proust

Ler “O prazer da leitura” de Proust, esse prefácio para a tradução de “Sésamo e Lírios” de John Ruskin (escritor romântico inglês, poeta, desenhista e crítico literário e social) é ingressar num lugar brilhante onde a realidade é suplantada por esse domínio de capricho do pensamento. Em todos os lugares há frases que de tão intensas não podem estar guardadas a sete chaves… em Proust esse lugar parece um canteiro cheio de rosas bravas feitas crescer pela mão do homem. Uma dessas chaves é «estar no domínio do flutuante do capricho onde o gosto de uma única pessoa não pode fixar a verdade».
Uma frase a que, nos tempos que correm, devíamos prover mais reflexão e debate: é que o gosto, mais do que uma fixidez de olhar, é uma flutuação do mesmo… a que Proust chama capricho.
A outra frase já não é de Proust… mas trazida de Descartes: 
«A leitura de todos os livros bons é como uma conversa com as pessoas mais sérias dos séculos passados que deles foram autores».
E é essa conversa que agora Proust, aludindo a Ruskin, acrescenta: 
«A leitura é exactamente uma conversa com homens muito mais sensatos e interessantes do que os que podemos ter ocasião de conhecer à nossa volta»… e rebate: 
«É no momento em que nos disseram tudo quanto nos podiam dizer que fazem nascer em nós o sentimento de que ainda não nos disseram coisa alguma»; a verdade «temos de criá-la nós próprios»… e é no «termo da sensatez dos outros que surge o começo da nossa.»

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