Na realidade a vida é mesmo isto. O questionar constante. A avaliação diária dos nossos actos. A decisão que nos compromete perante os outros e a vida. Vale a pena? Nesta vida somos mesmo amados ou apenas instrumentos para? Pequenos espaços a ocupar entre viagens? O que perdemos ou não perdemos na nossa entrega? Até que ponto no nosso dar despojado podemos hipotecar a nossa liberdade, as nossas ideias, os nossos valores, a nossa ponderada assertividade? Que capacidade podemos esperar dos outros para se integrarem em nós? Para abdicarem de pequenos tiques, pequenas práticas, pequenas agendas pessoais ou de núcleos estreitos, ou estritos, pequenos alinhamentos, pequenas idiossincrasias? Até que ponto somos capazes de partilhar o nosso espaço ou os nossos afectos abdicando, ou não, de alguns dos nossos princípios, práticas ou da nossa própria comodidade? Que lugar ocupamos e ocuparemos na hierarquia dos afectos? Simétrico ou assimétrico? Até que ponto a bondade dos nossos sentimentos tem correspondência biunívoca real? Que frutos sairão, ou não, dessa dádiva ao outro? Que caminho traçamos para nós próprios? Quão descartáveis somos em cada instante, cada momento, cada futuro? Que exigência devemos impor ou quão transigentes, intransigentes, devemos ser nos pequenos actos do dia-a-dia? Que podemos esperar das palavras, sejam elas amargas ou doces? Que ligação tem as palavras com os actos e vice-versa? Que esperar dos outros? Que esperar de nós próprios? Que esperam os outros de nós? Que vida queremos viver? Que cedências estamos prontos a verter para, sendo nós, sem anulações, ou restrições, sermos também os outros? Que esperar da Vida na sua efemeridade? Que estrelas queremos ser? Que lugar queremos ocupar no firmamento? Que céu, purgatório ou inferno nos está destinado?
© PAS
© PAS
Sem comentários:
Enviar um comentário