Não temo a morte nem a vida.
Só temo a desilusão,
Essa criatura diversa enfadonha
Que nos lança, de quando em vez,
Para um quintal deserto.
Não temo a morte nem a vida.
E agarro a ilusão com o bater do coração...
Que é uma forma tão bela e assertiva
Como dois punhos fechados, irmanados,
Soberbamente apaixonados.
Soberbamente apaixonados.
Eles são teus, toma-os
Neste preciso instante,
Neste preciso instante,
Para te ampararem
Os momentos de desânimo.
E fortalecer entrelaçando
As tuas delicadas, mas audazes,
Resolutas, determinadas mãos.
Amo-te para além da ilusão.
Enfrentando essa figura temível,
Talvez se transforme num novo
Tigre de papel,
Um de garras de gel,
E dentes de goma...
Um de garras de gel,
E dentes de goma...
Pudera que assim seja!
E talvez possamos uma vez,
E outra, lançá-la ao céu,
Vendo-a perder-se nas brumas,
Para onde enviarmos os nossos piores...
Os nossos mais iludidos sonhos.
Expostas estarão, então, as desilusões,
À rarefacção das mais altas
E vazias camadas da atmosfera...
Como os balões de ar quente,
Que de tanto dilatar,
Se esvaziam.
© PAS
O AMOR É FILHO DA ILUSÃO E PAI DA DESILUSÃO
(Miguel de Unamuno)
EM CADA FRUSTRAÇÃO EXISTE UMA DESILUSÃO, EM CADA DESILUSÃO UMA OPORTUNIDADE DE RECOMEÇO
(Rafael Silveira)