1. QUANDO EU MORRER (do livro Tempos, As Novíssimas Sombras)
14-06-2013
Quando eu morrer vais deixar-me ser escritor, que é isso que eu quero ser quando for novo;
quando eu morrer tirar-me-ás
as medidas à medida e encomendarás um caixão, feito de letras, chumbado a
caracteres nas lombadas;
quando eu morrer não sei se
ainda aqui estarás, mas vou esperar-te, para te desencaminhar ao teu amor
terreno e podermos,
sentados na nuvem mais
próxima, rir às gargalhadas daquele tempo curto que julgavam ser o mais fiel
passaporte para a eternidade;
quando eu morrer seremos os
amantes mais novos daquele céu e, empoleirados de mãos dadas,
dardejaremos como Afrodite e
Eros os transeuntes distraídos que se atravessarem aos nossos pés.
© PAS (Pedro A. Sande)
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