Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

domingo, 21 de dezembro de 2014

DISCO RÍGIDO DE LICÍNIA QUITÉRIO

Terminei de ler, "Disco Rígido", o livro de prosas da Licínia Quitério.
Um livro que temi à cabeça ser incapaz de ler, sabendo Licínia, poeta (já que promovo um universalismo abstraccionista menos biográfico e voluntariamente complexo), e um livro devotado a um país que muitas vezes sinto dentro de mim como um corpo estranho (mesmo sabendo haver quem aponte para a simplicidade como valor eterno e supremo, não perdoando a um quase autor desconhecido a arrogância, arrogando-se chamar complexo ao que alguns poderão ver como complicado... mas quem disse que há Deuses na Terra?!
E, talvez, por convergir num outro tipo de gosto e de memórias do real, pois isto das lembranças não devemos ignorar poderem ser brancas mas, também, vermelhas (ou rosas apesar dos cravos!), realistas ou românticas, rurais ou urbanas, globais ou locais, rectangulares ou esféricas, podendo o gosto ser mais recheado de cheiro a rosmaninho do que ao  suor e à diversidade das minhas impressões ou do "abstraccionismo realista?!" (contradição nos termos!), que gosto de ceder a uma Vida Real Majestática, provocando-a, para a melhor conhecer — o gosto diverge, é verdade, não se discute, absorve-se e observa-se!
O "Disco Rígido" da Licínia está, no entanto e entretanto, recheado de "deliciosos" mini contos (CC bater-me-á, com a força granjeada no teclado, com um maço, por me atrever a "deliciar", literariamente), como distingo o "Trevo" e os "Os Anos".
Bem como pululam mais de seis dezenas de pequenas pérolas da nossa condição simples familiar, quase como conversas em família, onde se conjugam essas mãos cheias de apanhados de ficções e divagações familiares e de vizinhança, tantas por certo como as memórias da Licínia, a sua aprendizagem, ensinamentos, repousando num tempo histórico datado de personagens, construído na unidade da sabedoria de quem vive e olha ao redor dos seus, com certeza, bem vividos e  recheados "enta".
O "Disco Rígido" da Licínia está, assim, bem e recomenda-se, não apresentando sectores danificados e estando neste giro literário, de posse de todos os seus bytes e ao abrigo de todos os bit(ate)s. 
© PAS (Pedro A. Sande)

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