Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sábado, 11 de outubro de 2014

TRECHO DE MOOLB, O REVERSO

«Quem foi esse, perguntou-lhe um acólito de Cristo que viajava quase ao seu colo, meio adormecido, embalado pelo ronronar da carruagem que atravessa gingona a península itálica. A bota, pensa AB, que já se sente a subir para o corpo todo europeu. O corpo, os braços e finalmente em Vilar, a formosura da cabeça. Coragem, o senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo, diz Willebrands pela sua boca. O Papa sorriso, o candidato de Deus. Ah, fez o outro, Io dimenticato. Pois, pois, esqueceste, diz o nosso viajante que parece ao longe, muito ao longe, só possível numa cabeça que se separa do corpo, distinguir as luzes trémulas e sempre de luto de Lampedusa. Porque os homens bons cedo se esquecem, repete para si. Lúcia, a vidente, sabia que Albino Luciani um dia seria Papa. E que o seria por pouco tempo. A evidência é também vidente. Io dimentico. Os homens bons não suportam a pressão. Os homens bons são solitários a quem não é permitido o seu lugar nas tribos dos poderosos. O Papa Breve sabia que se ia. Há lugares que não estão fadados para os homens bons. A bondade remete para o remorso. E não é uma protecção forçada como a da Máfia, mas uma missão construída no poder da associação da vontade com a bondade.
O poder não é alimento do poder»
© PAS (MOOLB, 2014, Pedro A. Sande, pg. 109)

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