Grassou aqui pelas redes a polémica do novo livro de Saramago.
O Saramago quase fantasma para alguns, totalmente inacabado para outros, o género inovador para outros, o romance que antes de o ser já o era, Deus para outros, uma polémica que envolve consciências, dinheiros, proficiências e o diabo a sete...
O actual Editor de Saramago, o Manuel Valente, falou até dos "Vencidos da Vida", aqueles tipos que renunciaram cândida, patrioticamente, à aspiração da juventude.
Ainda não li Alabardas na íntegra. E tenho consciência de que é apenas e quase (na sua essência, não no seu objectivo e resultado ou estaríamos a negar a ensaística e o pós análise de um escritor que se afirmou pela qualidade), um rascunho de romance.
Saramago era um escritor planificador, embora há quem o diga mais aritmético do que geométrico quando a escrita "despencava" (na norma Brasileira, afinal, p..., a lingua é a mesma... e por que não hei-de eu usar esta norma que enriquece a língua de Camões e que se tornou a língua dos indígenas de Guanabara?)
Folheei-o apenas. E quase o li de um trago.
Saramago é para mim um escritor de dimensão universal, independentemente do modo inteligente como se fez promover ou não... bom-grado a sua melhor promoção tivesse sido, indubitavelmente, a qualidade da sua escrita.
Mas oiçamos primeiro o "Vencido da Vida"... Alberto Gonçalves? Que usa a estratégia que se atreve a denunciar (estratégica de cronista... somos todos tão contraditórios, não somos?!)... denunciando uma polémica aparentemente inexistente para os amantes de Saramago, os que já lhe beberam o suor e agora querem continuar a perceber-lhe o sangue.
E chama-lhe Escritor Fantasma, que são aqueles tipos já sem dinheiro para comprar torradas e com a barriga a dar horas. E que têm de assumir Marx, mesmo sendo mencheviques, ao vender a sua força de trabalho intelectual a troco do "quase nada" da escrita... vais ganhar o quê, pequeno? ... tostões... perdão... cêntimos!
Vamos lá continuar então a polemizar, ouvindo o Alberto, que dá espessura!
O Saramago quase fantasma para alguns, totalmente inacabado para outros, o género inovador para outros, o romance que antes de o ser já o era, Deus para outros, uma polémica que envolve consciências, dinheiros, proficiências e o diabo a sete...
O actual Editor de Saramago, o Manuel Valente, falou até dos "Vencidos da Vida", aqueles tipos que renunciaram cândida, patrioticamente, à aspiração da juventude.
Ainda não li Alabardas na íntegra. E tenho consciência de que é apenas e quase (na sua essência, não no seu objectivo e resultado ou estaríamos a negar a ensaística e o pós análise de um escritor que se afirmou pela qualidade), um rascunho de romance.
Saramago era um escritor planificador, embora há quem o diga mais aritmético do que geométrico quando a escrita "despencava" (na norma Brasileira, afinal, p..., a lingua é a mesma... e por que não hei-de eu usar esta norma que enriquece a língua de Camões e que se tornou a língua dos indígenas de Guanabara?)
Folheei-o apenas. E quase o li de um trago.
Saramago é para mim um escritor de dimensão universal, independentemente do modo inteligente como se fez promover ou não... bom-grado a sua melhor promoção tivesse sido, indubitavelmente, a qualidade da sua escrita.
Mas oiçamos primeiro o "Vencido da Vida"... Alberto Gonçalves? Que usa a estratégia que se atreve a denunciar (estratégica de cronista... somos todos tão contraditórios, não somos?!)... denunciando uma polémica aparentemente inexistente para os amantes de Saramago, os que já lhe beberam o suor e agora querem continuar a perceber-lhe o sangue.
E chama-lhe Escritor Fantasma, que são aqueles tipos já sem dinheiro para comprar torradas e com a barriga a dar horas. E que têm de assumir Marx, mesmo sendo mencheviques, ao vender a sua força de trabalho intelectual a troco do "quase nada" da escrita... vais ganhar o quê, pequeno? ... tostões... perdão... cêntimos!
Vamos lá continuar então a polemizar, ouvindo o Alberto, que dá espessura!
©PAS (Pedro A. Sande)
«O escritor fantasma
por Alberto Gonçalves
Uma última viagem na sua permanente vocação para agitar consciências, diz o anúncio da Porto Editora. Um acto revolucionário, diz o juiz espanhol Baltasar Garzón. Saramago vintage, diz o editor brasileiro do falecido escritor. Saramago no seu melhor, diz o editor português. Uma obra divertida, diz Eduardo Lourenço.
Tudo isto a propósito de "Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas", o dito romance inacabado de José Saramago. Na verdade, de romances inacabados está o mundo cheio. Alabardas inaugura um género novo, o dos romances praticamente por começar.
Não é que não haja um livro: há, aliás com 135 páginas. Seis são notas do autor. Cinquenta são textos de outros autores sobre o autor e o produto em causa. Dez são índices, ficha técnica e diversos. Doze são desenhos de um antigo membro das Waffen-SS. Sobram 57 folhinhas, impressas em fonte crescida e a dois (ou três) espaços. Ninguém se deve admirar se, no mês que vem, publicarem os últimos post-it que Saramago colou no frigorífico, em cinco volumes repletos de ensaios alheios, bonecos para colorir e a oferta de uma echarpe em tons marrom. Meia dúzia de críticos hão-de considerar estarmos perante um momento de ruptura na cultura universal.
Num certo sentido, Alabardas consagra de facto o estilo do Nobel caseiro, que em vida fazia questão de anunciar, ele próprio, o carácter polémico de cada livro antes mesmo de o livro chegar ao público. Um boa estratégia, até porque quando o livro chegava ao público não acontecia nada de especial - excepto se o público se chamava Sousa Lara. Devido a condicionantes óbvias, agora o anúncio da polémica ficou a cargo de terceiros, mas o processo é idêntico e com uma vantagem: se o hábito consiste em privilegiar a algazarra em detrimento do conteúdo, desta vez o conteúdo quase não existe e a algazarra abunda. Saramago vintage, de facto. E, desde que ignoremos os pechisbeques anexos, a minha obra preferida dele. As outras não se liam em horas. Conto não ler esta em vinte minutos.»
«O escritor fantasma
por Alberto Gonçalves
Uma última viagem na sua permanente vocação para agitar consciências, diz o anúncio da Porto Editora. Um acto revolucionário, diz o juiz espanhol Baltasar Garzón. Saramago vintage, diz o editor brasileiro do falecido escritor. Saramago no seu melhor, diz o editor português. Uma obra divertida, diz Eduardo Lourenço.
Tudo isto a propósito de "Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas", o dito romance inacabado de José Saramago. Na verdade, de romances inacabados está o mundo cheio. Alabardas inaugura um género novo, o dos romances praticamente por começar.
Não é que não haja um livro: há, aliás com 135 páginas. Seis são notas do autor. Cinquenta são textos de outros autores sobre o autor e o produto em causa. Dez são índices, ficha técnica e diversos. Doze são desenhos de um antigo membro das Waffen-SS. Sobram 57 folhinhas, impressas em fonte crescida e a dois (ou três) espaços. Ninguém se deve admirar se, no mês que vem, publicarem os últimos post-it que Saramago colou no frigorífico, em cinco volumes repletos de ensaios alheios, bonecos para colorir e a oferta de uma echarpe em tons marrom. Meia dúzia de críticos hão-de considerar estarmos perante um momento de ruptura na cultura universal.
Num certo sentido, Alabardas consagra de facto o estilo do Nobel caseiro, que em vida fazia questão de anunciar, ele próprio, o carácter polémico de cada livro antes mesmo de o livro chegar ao público. Um boa estratégia, até porque quando o livro chegava ao público não acontecia nada de especial - excepto se o público se chamava Sousa Lara. Devido a condicionantes óbvias, agora o anúncio da polémica ficou a cargo de terceiros, mas o processo é idêntico e com uma vantagem: se o hábito consiste em privilegiar a algazarra em detrimento do conteúdo, desta vez o conteúdo quase não existe e a algazarra abunda. Saramago vintage, de facto. E, desde que ignoremos os pechisbeques anexos, a minha obra preferida dele. As outras não se liam em horas. Conto não ler esta em vinte minutos.»