Raul Brandão V
«As mesmas acções, as mesmas cores, direis vós... Cá fora é certo, mas dentro o cenário muda: o cenário está em brasa. Queres ser rei? Queres vingar-te?... Sonha!»
«As mesmas acções, as mesmas cores, direis vós... Cá fora é certo, mas dentro o cenário muda: o cenário está em brasa. Queres ser rei? Queres vingar-te?... Sonha!»
Raul Brandão IV
«Quando se morre, o que se debate ainda dentro de nós com fúria — é a quimera. O que me custa a deixar não é o corpo, é a alma inquieta. Com a morte agarrada a mim, porque é que cravo as unhas na vida, raivosamente? Porque quero sonhar, tirar das coisas, das árvores, da luz, das flores, materiais para ilusões. Ao que cada um se prende é às suas aspirações, às suas penas e não à matéria e ao corpo!... »
«Quando se morre, o que se debate ainda dentro de nós com fúria — é a quimera. O que me custa a deixar não é o corpo, é a alma inquieta. Com a morte agarrada a mim, porque é que cravo as unhas na vida, raivosamente? Porque quero sonhar, tirar das coisas, das árvores, da luz, das flores, materiais para ilusões. Ao que cada um se prende é às suas aspirações, às suas penas e não à matéria e ao corpo!... »
Raul Brandão III
«Vêem um imaginativo que entra na vida? E um jovem inteligente, tendo sobre a existência ideias lidas. A sua sensibilidade exaspera-se ao primeiro contacto com o mundo. Cheio de entusiasmo, talha uma vida de romance. Em breve, porém, encontra tropeços: a cada passo a alma se lhe magoa e todas as brutalidades o ferem. É que ele não viu que, ao lado da vida sonhada, é preciso viver uma outra vida dura, de todos os dias. Repugna? É necessário, porém, a gente afazer-se, esmagar toda a piedade e afeição, para não ser despedaçado. Quantos chegam a velhos a tal ponto vivem na mentira, acreditando que amaram, que souberam dedicar-se e que na vida se pode ser bom? Se procurarem bem no fundo da alma, esmiuçado cada um desses sentimentos, encontra-se apenas o egoísmo descarnado e duro...»
«Vêem um imaginativo que entra na vida? E um jovem inteligente, tendo sobre a existência ideias lidas. A sua sensibilidade exaspera-se ao primeiro contacto com o mundo. Cheio de entusiasmo, talha uma vida de romance. Em breve, porém, encontra tropeços: a cada passo a alma se lhe magoa e todas as brutalidades o ferem. É que ele não viu que, ao lado da vida sonhada, é preciso viver uma outra vida dura, de todos os dias. Repugna? É necessário, porém, a gente afazer-se, esmagar toda a piedade e afeição, para não ser despedaçado. Quantos chegam a velhos a tal ponto vivem na mentira, acreditando que amaram, que souberam dedicar-se e que na vida se pode ser bom? Se procurarem bem no fundo da alma, esmiuçado cada um desses sentimentos, encontra-se apenas o egoísmo descarnado e duro...»
Raul Brandão II
«Aos que se alimentam de sonho chega o momento em que não podem viver. A realidade não perde os seus direitos. Raia o dia em que se impõe por força e então o sonhador é colhido e triturado por a ter esquecido. E o ponto trágico em que reconhece com espanto que não pode viver — que não sabe viver, e procura a morte, não para se aniquilar, mas como quem busca um sonho maior, um sonho sem contrariedades e de que se possa à vontade fartar.»
«Aos que se alimentam de sonho chega o momento em que não podem viver. A realidade não perde os seus direitos. Raia o dia em que se impõe por força e então o sonhador é colhido e triturado por a ter esquecido. E o ponto trágico em que reconhece com espanto que não pode viver — que não sabe viver, e procura a morte, não para se aniquilar, mas como quem busca um sonho maior, um sonho sem contrariedades e de que se possa à vontade fartar.»
Raul Brandão I
«O que em nós vai secando pela vida fora está tão sensível que magoa tocar-lhe.
Todos somos poetas, todos vivemos num estonteamento que se parece com o amor. Todos os dias são de primavera. Ainda que o casaco esteja no fio, a gente não sabe que mudaram as estações, e a existência, mesmo numa mansarda, é uma festa perpétua.»
«O que em nós vai secando pela vida fora está tão sensível que magoa tocar-lhe.
Todos somos poetas, todos vivemos num estonteamento que se parece com o amor. Todos os dias são de primavera. Ainda que o casaco esteja no fio, a gente não sabe que mudaram as estações, e a existência, mesmo numa mansarda, é uma festa perpétua.»
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