Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ficção Pobre, Ficção Rica!

Muito curiosa esta afirmação de pacatez como causa – efeito, de uma ficção pobre nacional. Curiosa porque vai contra uma certa visão editorial que privilegia o canto (e o conto) do eu, a história centrada no eu quase terapêutico em detrimento da riqueza dos actos e dos factos. A própria menorização da figura do conto é ela um paradoxo só compreensível na visão de um mundo a duas entradas, de duas partidas dobradas: o débito e o crédito.
Vivemos num mundo normalizado e banalizado. A nossa linguagem é cada vez menos diferenciada, cada vez mais apropriada. A própria condição autoral fenece cada vez mais neste pulsar coletivo, já não de uma escrita muitas vezes reflexiva, mas de uma reescrita de pedaços, como hienas, chacais e aves carnívoras que abocanham por um momento de pretensa glória. Algo que angustia (passageiramente é certo) quem ainda escreve, não como um industrial de fatos, mas como cerzideira com atenção a cada ponto, de dedal na mão e não sem aquela «pasta» que adultera a verdadeira criação.    
Muitos vivem hoje numa espécie de espaços lagunares onde os predadores e outros peixes mais diversos e coloridos não entram, sem nunca experimentar as águas adjacentes com mais nutrientes - mais revoltas e inseguras, é certo.
O português não é mais nem menos pacato que o espanhol; nem mais ou menos alienado do mundo; nem mais, nem menos mundividente ou cerceado de imaginação.
E basta estar atento a algumas movimentações no palco social, para percebermos como a vida também pulsa no rectângulo, cheia de diatribes, loucuras e outros castelos de cartas sempre prontos a desabar… e a romancear.
O que talvez tenha de mudar é o palco. Mas o palco, para nós, sempre esteve para lá da linha do horizonte.
(Pobreza ficcional, espanhol! Pudesses fazer como eu, que escrevendo já com uma coisa a que chamaram de AO, o pude fazer hoje com o anterior só porque… porque me apeteceu! Vê lá se também o podes fazer, se tens esta riqueza, ó espanhol?)    

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