Citações:

Sem o direito natural não há Estado de direito. Pois a submissão do Estado à ordem jurídica, com a garantia dos direitos humanos, só é verdadeiramente eficaz reconhecendo-se um critério objetivo de justiça, que transcende o direito positivo e do qual este depende. Ou a razão do direito e da justiça reside num princípio superior à votante dos legisladores e decorrente da própria natureza, ou a ordem jurídica é simplesmente expressão da força social dominante
(José Pedro Galvão de Sousa, brasileiro, 1912-1992)

sábado, 29 de setembro de 2012

Acordai!

Quando olho para onde olho, canso-me;
Canso-me da inacção dos que nada fazem,
Canso-me da acção dos que
Todos os dias se enganam,
Canso-me daqueles que se aproveitam
Do nosso olhar distante,
E da nossa maneira mansa de ser.

Quando olho para onde olho, canso-me:
Canso-me de pensar um país
Que se manteve calado tempo demasiado,
E que só de tempos a tempos se levanta
Para cantar:
 

Acordai!

(2012/09/29)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Cemitérios e Abrigos

Há aqueles a quem às palavras são dados abrigos individuais, E há aqueles a quem às palavras é apontada a indiferença do relento.
Vivemos tempos de mágoa de um tempo feio, que não se recorda de nos dar um só momento para podermos perscrutar descansadamente a beleza que gostaríamos de ter sentida e bem aconchegada ao peito.
Vivemos este vício pela manhã, e nada nos parece ser como aqueles dias dantes que inauguravam umas manhãs alegres, de umas férias grandes onde pulsava a espera da grande travessia do nosso contentamento.
Os abrigos estão hoje abandonados e onde os sabíamos construídos, há hoje apenas entulhos e lixeiras que a ignorância do passado está prestes a desenterrar.

PAS, (28 Set. 2012)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Nenhum Homem É Uma Ilha

O texto de Michael Marshall que induziu «o postal» da Maria do Rosário escora no facto indesmentível de que, «Nenhum homem é uma ilha!»
O editor será por conseguinte um «bem» necessário, a tal primeira fila de espectadores calejados, por amor ou profissão, mesmo que o editor se possa dissociar no futuro das editoras «três em um».
Já a publicação tout court pode ir na voragem dos novos «veículos», já que a publicação sofre hoje de dois elementos «obstaculizadores»: a distribuição e a difusão que se têm de adaptar a uma sociedade global de nichos.
Muito do que conheço do «negócio» da edição devo-o à MRP e à minha pequena intuição de gestor, à generosidade que coloca nos seus posts extraordinários, que não se esgotam na divulgação das suas literaturas - a sua e a dos outros! (há uma generosidade que só é possível quando se atinge um determinado patamar de certeza, que podemos chamar de profissionalismo e intuição).
Esse patamar subimo-lo a pulso, através do esforço e desse tempo de duas faces, que nos dá sempre vida, mesmo se parecendo que se afadiga em nos tirar. A ampulheta da vida mesmo quando virada guarda sempre a mesma quantidade de areia, em que nos vamos transformando; e, no entanto, nós ali estamos prontos para assumir outra forma e condição.
Obviamente que há uma dimensão de gosto pessoal, mas essa dimensão de pessoalidade - há quem lhe chame gosto, não podendo ser denegrida - vai-se estreitando à medida da qualidade do editor, sendo substituído pelo tempo de ampulheta e pela qualidade do seu conteúdo.

Cantiga De Cura E BemDizer (4)

Anónimo!
Dá-te a conhecer,
Descobre-te,
Nessa tua carapaça
De cidadão eleitor,
Leitor,
Escritor,
E passarás a ter,
Não a maledicência e o escárnio
Que martirizam os dias
Mas uma amizade para sempre,
E poemas de amigo, de amor,
Conformes ao teu género e condição;

E a tua dormência para sempre
Curada,
(E bem cantada),
Por um qualquer
Desconhecido prosador!


PAS, 2012/09/23